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Quando chegou o amor - I


Eu tinha aproximadamente doze anos de idade quando conheci o amor. Parece cedo demais, mas hoje ao olhar para o passado e trazer a memória a intensidade daquele sentimento, afirmo que foi o melhor momento em que isso poderia ter acontecido.
Eu acabara de mudar de escola e me matricular em uma das escolas mais conceituada da cidade, ficava localizada na região central e logo que cheguei pude observar a diferença das realidades entre  os alunos e eu. Era um universo totalmente diferente.
No primeiro dia de aula, apenas observava, houve três ou quatro outros alunos que se aproximaram e me fizeram às boas vindas, me apresentaram a escola e seus espaços, um deles se tornaria um dos meus melhores amigos por muitos anos. Durante o passeio de reconhecimento do meu novo ambiante, passei por uma garota que no primeiro contato entre nossos olhos despertou em mim algo que até então, não havia sentido.
Lembro-me claramente, como se tivesse acontecido algumas horas atrás.
Toda a realidade à minha volta, parecia ter deixado de existir. Os sons não mais chegavam aos meus ouvidos, meu coração por instante pareceu ter parado de bater, minha respiração se tornou secundária na necessidade primordial de continuar a viver. Simplesmente, o tempo parou.
Enquanto ela caminhava em direção contrária, eu não conseguia piscar, eu a acompanhei e conseguia observar cada detalhe de seus movimentos. Os olhos grandes e negros, intensos. Os movimentos delicados de suas mãos, quando de vez em quando seu indicador cortava delicadamente o ar, como se quisesse desenhar flores no vazio, seus cabelos longos e tão negros quanto teus olhos balançavam de um lado para o outro, parte deles sobre seu ombro direito, a pele morena quase cobre, sua cintura fina e os movimentos de suas pernas durante os passos era como uma coreografia muito bem ensaiada para uma dança do universo. Eu apenas a amei naquele instante.
Para a minha alegria, quando tocou o sinal para entrarmos em sala, pude vê-la chegar segurando seus cadernos com o braço direito e na mão esquerda uma folha de caderno cuidadosamente dobrada. Sentou-se ao meu lado. Eu sem me dar conta, continuava hipnotizado e acompanhando cada movimento seu, até que ela me olhou e apenas sorriu. Eu não tenho certeza se sorri de volta imediatamente ou se levei alguns anos para isso, pois, quando me dei conta, ela ainda estava olhando para mim, com um sorriso ainda no rosto como se esperasse alguma reação ou ação da minha parte. Então, nesse momento eu posso afirmar, eu sorri de volta. Ela virou-se para a frente, abriu seu material e concentrou-se no professor. Fiz o mesmo.
Os dias foram passando, inevitavelmente houve uma aproximação, conversávamos muito sempre que tínhamos oportunidade, quando eu não estava com ela, estava na quadra jogando futebol.
No decorrer daquele semestre, nos aproximamos muito, conquistei a confiança  dela e procurava o tempo todo esconder aquele sentimento tão intenso que sentia, não queria correr o risco de afastá-la de mim, sabia que sua realidade era bem diferente da minha e que minhas chances seriam muito menores do que as que eu acreditava ter e não só para ela, mas para todos os meus amigos que não perdiam a oportunidade de me questionar se eu estava namorando com ela (Naquela época, não existia o termo, ficar...) e eu sempre negava, então, eles me infernizavam dizendo que eu estava apaixonado por ela, o que eu negava piamente. 
Minha amizade com ela se fortificou tanto, que caminhávamos de braços dados no intervalo e na saída da escola, quando então, ela seguia para a casa da avó que ficava do lado oposto ao qual eu iria. 
Em uma tarde, quando saímos mais cedo por causa da falta de um professor, percebi que ela não estava em meio aos alunos que se dirigiam para o portão de saída, passei a procurá-la e a vi entrar no banheiro feminino. Retardei meus passos para escapar dos meus amigos e dei meia volta e me dirigi ao banheiro masculino que ficava ao lado, sendo separado pelos vestiários. Fiquei na verdade, parado na porta, como se estivesse esperando alguém, para disfarçar que na verdade esperava por ela. Quando ela saiu, fingi que também estava saindo, sorri para ela e ela sorriu de volta, percebi que seus olhos estavam inchados e molhados, ela havia chorado.
Isso provocou em mim um sentimento que não sei definir até hoje. Talvez raiva de vê-la sofrendo e eu não ter impedido que isso acontecesse, talvez pena pelo simples fato de vê-la triste ou no mais egoísta de mim, encanto por ver aqueles olhos tão lindos brilhando devido as lágrimas mal secadas.
Perguntei então o que havia acontecido e ela me confessou que estava apaixonada por uma pessoa, mas sabia que essa pessoa não gostava dela, que mentia e que brincava com seus sentimentos. Tentei tranquilizá-la, ajudá-la a compreender aquele momento e tirar seu foco dessa imagem que causava seu sofrimento, mas, não adiantou, ela então se aprofundou no assunto e se revelou como eu jamais havia pensado, enquanto ela chorava e derramava sobre mim suas mágoas causadas por esse rapaz, eu sentia meu coração congelar de dor, eu jamais tinha pensado nela com outra pessoa, na possibilidade dela amar outro rapaz, e ouvir  sua dor me rasgava o peito.
Depois de muito conversar ela seguiu seu caminho. Eu me virei e sair a caminhar sem pressa, pensava no meu grande amor que acabara de deixar comigo a sua dor e plantar em mim o outro lado do sentimento que então chegou.

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