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Nota de falecimento



E subi naquele tão mal frequentado banco de praça, aquele mesmo que fica ali no calçadão, a beira mar, tendo por platéia as gaivotas que desesperadas ciscavam a areia, as ondas do mar que indiferentes a mim e tudo o mais, apenas vinham, riam e se desfaziam em brancas camadas de espumas, havia também alguns urubus que assistiam distantes a algazarra das gaivotas, sob uma palmeira, talvez bem mais sóbrio do que eu, uma pessoa qualquer, que talvez nem se visse mais.
Olhei em volta e em altos brados comecei o último discurso:
- Aviso a todos, a quem possa interessar e a quem não interessa também, que se aproxima a data do início do fim. Não prego o apocalipse, mas, o fim desse que a todos grita, não se assustem os amigos e nem se desesperem os parentes, os quais na verdade, creio conseguir contar nos dedos das mãos os que realmente se importariam, mas, enfim, informo a todos que as exatas 00h00m do dia 25 de dezembro desse ano, terá o início o processo de degeneração desse tão conhecido por tantos, não será a degeneração física, o que na verdade seria muito mais fácil e prático, mas, a degeneração de tantos anos de valores, conceitos e tudo o mais que cultivei com tanto carinho e afeto para distribuir a todos, mas, principalmente, tudo aquilo que superando medos, traumas, cicatrizes e inseguranças, foram criados para ser entregue a aquela pessoa que de bom grado o quisesse receber. Iniciará nessa data e nessa hora o fim das palavras gentis, gestos tenros e frases amáveis. Não, isso não acontece assim da noite para o dia, mas, decorrente de um processo desgastante de decepções, frustrações por tanto fazer e de nada adiantar. Isso já havia começado, mas, eu como sempre insistia em lutar contra essa morte, tentava dar sobrevida a criança, ao sonho, ao poeta, ao romance e ao amor, lutei e persisti o quanto pude, mas, não dá mais, cansei e por cansar entrego ao pó aquilo que do pó veio. Não posso impedir, a quem queira, que guarde na memória as boas lembranças do amável, afável e apaixonado ser que deixará de existir, como tanto insistimos em fazer com tantos entes queridos. Mas não se surpreendam, pois, ao dia 01 de janeiro do próximo ano, só haverá aqui palavras racionais, pés no chão e a entrega daquilo que por algum motivo eu achar que devo entregar, provavelmente no jogo que todos jogam, dou aquilo que recebo, se é assim que funciona, então, que assim eu funcione também. Li em algum lugar, que alguém é tão bondoso que nos dá a liberdade de plantarmos e tão justo que colhemos o que plantamos, então, me expliquem, porque plantando flores, só colhi espinhos? Em outro texto li uma mulher descrevendo o que buscam em um homem e na maior neutralidade possível, vi que não sou cem por cento o perfil descrito, mas, que sempre busquei oferecer e corresponder ao que ali estava listado, e modéstia a parte, já que esse não existirá mais, correspondia a boa parte, no entanto, todas as pessoas que sempre se disseram encantadas e por quem também me encantei, sempre preferiram o oposto, me expliquem? Ninguém quer alguém certinho, puritano, etc, mas, sempre optam pelo "pior" (sem querer aqui fazer julgamentos). E por tantos indícios, fatos e os motivos citados, decreto o falecimento desse que grita aos ventos suas últimas palavras. Alguém que tem tanta importância quanto o melhor amigo ou a melhor amiga da escola que se encontra quinhentos anos depois. É sempre bom saber que somos importante para alguém, mas, no fundo gostaríamos de ser um pouco mais para aquele alguém que é muito mais para nós, então, que sentido tem em ser como sempre tentei ser? Para mim, perdeu-se o sentido e se não há sentido, não há porque ser.. E com isso, fixo as datas para o início do fim desse que sempre acreditou que um dia valeria a pena ser como sempre fui, que sempre acreditou ter mais importância do que realmente sempre teve. 

O orador


E por tantas e tantas vezes caminhei só, caminhava de braços dados com a solidão, enquanto conversava com minhas ilógicas reflexões, questionando absolutamente tudo aquilo que sempre temi e evitei encontrar.
Busquei em cada esquina fria e suja o carinho mais sincero das mentiras que eu contava, para pessoas que insistiam em acreditar como se fosse verdades.
Orei para demônios e praguejei contra anjos, ofendi aos duendes e maltratei todas as fadas que cruzaram minha trilha, trilha de tons instáveis como notas mal tiradas de instrumentos perfeitamente afinados.
Percebi nesse momento que minha vida não era vida, e sim a ilusão de viver.
Percebi que os dias passaram, passam e passarão de forma quase imperceptível, me dei conta que ainda que muito me esforce, no fundo, jamais me esforçarei o suficiente para mudar a vida que levo, que apesar de não ser a que eu quero, por algum motivo ou força maior que não sei explicar, é uma vida que não quero deixar partir, não deixar que ela deixe de existir.
E quando vejo mais uma noite se foi e todos os planos e sonhos, apenas os comecei, mas, nenhum deles eu concretizei.
Mais um dia chega, mais uma esperança de que ele será diferente, no entanto, no íntimo, enquanto olho no espelho e ajeito minha gravata, sei que digo isso mais para convencer outros que intimamente também não se convencem, mas, preferem acreditar no que digo, do que aquilo que se diz a si.
Me vejo diante da platéia, rostos e olhares atentos, esperando para absorver e aprender tudo aquilo que eu disser, para depois reproduzir as mesma mentiras, convencendo os que também não querem acreditar.
Falo algo, pausado, de repente, silencio, busco em cada olhar que mal piscam, a expressão do que eu gostaria de ouvir deles. Busco em cada rosto a verdade de que não queriam estarem ali. Mas, não, eles insistem e permanecem, riem das piadas sem graças e sem nexos que conto, demonstram espanto diante de um caso que acabei de inventar, com tanta propriedade que até eu penso se não vivi realmente aquela história, e aplaudem, quando de improviso digo qualquer coisa que percebo em um belo lábio feminino faminta de uma palavra só dela.
Rio dos meus absurdos, parece cruel e por um instante até me arrependo, mas, no fundo me delicio com tudo isso, com a falsa ingenuidade de quem acredita em mim, e por mero prazer sou mais cruel, coloco mais efeito em tudo o que digo, enfatizo, gesticulando, me curvando, apontando o meu indicador de forma pesada, impiedosa e acusadora para o rapaz a minha frente, o acuso de suas mentiras, dos seus desejos ocultos, dos pensamentos mesquinhos que nesse mesmo instante estão em sua mente, do fato de somente seu corpo estar presente. E espantado ele admite a culpa, reconhece o erro e pede desculpas e eu por dentro me acabo em gargalhadas.
Como pode pessoas ditas, tão inteligentes, com tantos certificados de mestrados e outras qualificações, acreditarem em mim, que mal tenho o ensino médio?
E quando falo sobre os noticiários e pergunto quem se considera uma ser bem informado, a maioria para não dizer todos, levantam a mão. E eu rio deles, sou mais uma vez cruel e digo, olhando para os olhos daquela que a pouco tinha os lábios, belos lábios, sedentos de conhecimento, que não sabem nada, não tem informação alguma e menos ainda que são tão inteligentes que alguém algum dia lhes disse serem, rio, maldosamente, rio e o que mais me fere, percebo que eles gostam disso, do meu riso cruel e da verdade absurda que ninguém tem coragem de dizer a eles, que eles mentem a si, tentam convencer a todos daquilo que eles não acreditam e que sabem que no fim da jornada, serão apenas mais um que cruzaram uma série de caminhos, sem fazer valer a pena um segundo que fosse dessa fantástica jornada que chamamos vida.

Tolos são os românticos



Tolos são os românticos, que insistem em acreditar, compreender e esperar.
Todos os românticos são tolos por excelência, fadados aos fracassos, por sonhar, cultivar, cuidar e alimentar esses sonhos, com todo o carinho que sem sê-lo, jamais, alguém o seria capaz de fazê-lo.
Tolos são os românticos, que tropeçam em tijolos soltos nas calçadas, por acreditar que na próxima esquina algum de seus sonhos estará a esperá-lo.
Tolos, muito tolos são todos os românticos.
Idiotas de si mesmo, que se permite na imensa solidão de seu mundo, rir de seus anseios, chorar dos desesperos jamais revelados aos conscientes e racionais seres normais.
Palhaços que se divertem com sua inúteis peripécias para mostrar a importância de seus sonhos e a verdade de seus sentimentos.
Quão pobre são esses ingênuos tolos românticos.
Acreditam que forças universais alimentam tua sorte e sentimentos, acreditam no brilho de um olhar e em um sorriso que por acaso consegue em algum lábio provocar com seus malabarismos verbais, com sua criatividade de fazer de pequenos detalhes o mais especial momento.
Tolos e inúteis são os românticos com seus discursos de belas palavras, nem sempre pensadas ou ordenadas, mas, orquestradas nos arranjos e na harmonia dos sons emitidos por sua alma.
Tolos, são todos tolos, imprestáveis que só servem para alimentar o próprio ego acariciando seus sonhos e debilmente dividindo-os com aqueles que lhe são tão especiais, mas, insiste, em sua tolice que isso de alguma forma possa ser importante.
Tolos, meros tolos, os românticos... 

Instantes


Cada decisão uma porta.
Cada porta, uma esperança.
Cada esperança, um sonho.
Cada sonho, um suspiro.
Cada suspiro um segundo,
um segundo a mais ou a menos?

E assim, a vida passa por nós e
entre portas que se abrem e
janelas que se fecham,
continuamos girando a maçaneta do destino.

E sem sabermos onde chegaremos,
seguimos em carona no
imprevisível trem da vida,
sem estação certa para desembarcar,
sem a certeza da parada em um novo sorriso.

Ficamos a mercê daquilo que desconhecemos,
porém, renovando a cada dia a
crença de que algo maior nos observa,
influi, direciona, nos carrega e
conduz para o que quer que queira.
E apáticos só nos damos conta
quando diante do presente,
tentamos voltar ao passado
para nos escondermos do futuro.

Fácil



É fácil viver indiferente a tudo, sem tempo e nem lugar, sem destino e nem motivos.
É fácil beijar os lábios de alguém sem a preocupação com o que se verá no fundo daquele olhar.
É fácil criar papéis para as situações do dia-a-dia.
É fácil justificar os atos para fugir das consequências.
É fácil criar respostas para iludir os tão magoados corações que se deixa pelo caminho.
Pode não parecer, mas, é fácil viver sem ninguém.
É fácil fugir da solidão que sorrateira circunda as noites.
É fácil, basta um trago no cigarro e um gole de qualquer bebida.
É fácil ser indiferente aos carinhos e apegos,
que por acaso ou tropeço no caminho dos dias se contra-cena.
É fácil criar justificativas para iludir o próprio coração, pode não parecer, mas, é fácil beber um cigarro e acender uma bebida.
É fácil quando se deita e não há ninguém ao lado, então, vem de muito longe uma canção do passado, que se passa tempos tentando esquecer.
E nos limites do quarto é fácil se perder pelas estreitas ruas do tempo, perdendo-se do mundo, de si, na companhia de desejáveis fantasmas.

Com você.


O escuridão da noite, invade sem licença o dia,
o faz com a mesma delicadeza com que se diz um adeus, quando se parte,
mas o coração pede para ficar.

Estrelas tão solitárias no imenso manto negro, ocultam-se em preguiçosas nuvens
com movimentos tão suaves quanto os de um anjo mergulhado em seu sono tranquilo.

Olho para as profundezas do mar celeste,
com um sorriso de saudade no olhar.
Busca as respostas para os mistérios tão obviamente revelados aos meus olhos,
porém, tão distantes do meu coração que parece impossível sua verdadeira compreensão.

Me perco de mim para encontrar-me em você, você que está tão distante,
mas, tem a magia de fazer-se tão próxima,
tão junta a mim.

Sinto a intensidade do seu olhar e a força do seu sorriso,
respiro a sutileza de seus toques e a maciez dos seus carinhos.

Tens uma expressão indecifrável,
movimentos enigmáticos e
palavras sedutoras.

Quando estou contigo me sinto livre,
como jamais estive em todos
os caminhos já percorridos,
e ao mesmo tempo,
tão apaixonadamente aprisionado
que não faço questão da liberdade.

Nesse momento, liberdade é a escolha
de permanecer em teus braços,
enrolado em teus cabelos e
asfixiado sob o peso do teu corpo.


À quantas anda o processo de venda do terreno do BNDES em Brasília?


Um terreno de propriedade do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), avaliado em 285 milhões de reais, foi negociado por 51 milhões de reais em abril desse ano. A negociação causou estranheza no mercado imobiliário e chamou a atenção do TCU (Tribunal de Contas da União).
Na verdade esse terreno tem história desde 1972, quando foi adquirido pelo órgão, que tinha como projeto a construção de sua sede central, o que nunca aconteceu, pois a mesma continua localizada no Rio de Janeiro e desde então, tem sido responsável por aumentar constantemente os custos aos cofres públicos, com manutenção e impostos. A história desse terreno envolve alguns personagens já conhecidos de acusações e processos. Entre eles, o advogado Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), o outro, o ex-senador Kuiz Estevão de Oliveira Neto, cassado por causa do superfaturamento do prédio do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.
Em 1992 a instituição tentou vender o imóvel, mas, não conseguiu. Em 1995, nova licitação foi realizada e o Grupo OK Empreendimentos Imobiliários venceu e comprou o lote por pouco mais de 4 milhões de reais. O problema é que o Grupo Ok, controlado por Luiz Estevão que na época era deputado distrital pelo PMDB, não pagou uma parcela do financiamento e perdeu o terreno. Em 2000 nova licitação fora realizada, mas, não encontrou novo comprador, dessa forma o terreno permaneceu por 42 anos, gerando despesas.
A ação causa estranheza no meio político, pelo fato do advogado, entrar com um tipo de ação, visando o terreno, que não é comum, a menos que haja um patrocinador para tal ação. E no caso, há uma proximidade entre o advogado e o Luiz Estevão. Logo após deixar o TCDF, em 2006, o Ministério Público Federal (MPF) ingressou com uma ação de improbidade administrativa contra Jorge Ulisses, que foi nomeado um dos defensores de Luiz Estevão e do Grupo por ele dirigido no mesmo processo em que se apurou as responsabilidades nas obras do TRT-SP.
O escritório do advogado, está registrado em cartório em nome do grupo de Luiz Estevão, a quem o mercado imobiliário diz que antes da venda, haviam boatos que Luiz Estevão gostaria de alguma forma conseguir o terreno para reforçar a quantidade de imóveis locado à órgãos do governo, mesmo, estando impedido de ser fornecedor, devido ao processo do TRT-SP, por isso, usa de uma estratégia bastante conhecida.
A questão, é que na avaliação realizada para ser emitido o laudo com o valor de mercado do terreno, onde segundo especialistas do ramo, sua avaliação é de 285 milhões de reais, no estado em que está, havia uma ressalva que dizia, que diante da necessidade de vender às pressas, o terreno poderia ser vendido à 45 milhões de reais. A licitação ocorreu e foram pagos 51 milhões, 6 milhões a mais que o mínimo o que poderia ser uma operação legal, já que se pagou mais que o mínimo sugerido, mas esse fato chamou a atenção do TCU, que iniciou uma investigação minuciosa sobre todo o processo, onde o líder do PSDB no Senado, Aluysio Nunes Ferreira (SP), encaminhou requerimento ao Ministro Mauro Borges, solicitando cópia integral do processo e todos demais documentos que fazem parte da investigação, bem como explicações sobre tão estranha negociação, mas, não há mais notícias sobre o andamento do processo.
Então, pergunto: À quantas anda o processo?.

Por Karl Mott


Fontes de pesquisa: Jornal de Brasília e Revista VEJA

A dança da temporalidade


Passado... Vivemos tão pouco tempo e no entanto, é como se ele fosse tão extenso.
Passado... Ainda ontem encontrava-se nele o nosso futuro e a tão pouco tempo era presente.
Um passado tão presente em nosso futuro, que no jogo das imagens vamos ao futuro para revivê-lo, e então, nos escondermos do presente.
Presente... Quase sempre indicativo das consequências dos passado.
Presente... Um tempo em que nos perdemos nas conjugações de seus verbos.
Presente... Particípio das confusões do ontem por temores do amanhã.
Um presente tão confuso, que fugimos para o futuro nos escondendo do passado, acreditando que os tempos não nos encontrarão.
Futuro... Talvez, não seja mais futuro, talvez tornou-se presente e nesse instante transforma-se em passado.
Por que correr para o passado, se este nos trás para o presente, que nos lança por sua vez, em um ponto qualquer do futuro que nem sabemos se chegaremos?
Por que ao invés de alimentarmos essa brincadeira de esconde-esconde, não tentamos direcionar nossas ações para esses tempos, que há tanto tempos nos incomoda?
Qual era mesmo o futuro desse passado?
O presente é o futuro no passado, mas, este passou desordenado e desapercebido.
Não se pode temer aquilo que não se controla.
Por que o futuro, tanto incomoda?
Talvez, porque lá esteja os limites impostos pelo passado, o medo de reencontrar o fracasso e tudo aquilo que sempre se evitou, se fazer presente.
E talvez por isso o presente, tanto prende no passado e não liberta no futuro...

Processo


Eu nasci, não pedi, não escolhi, simplesmente nasci.
Não me foi dada a opção de escolher condição social, cor ou crença, apenas, nasci.
Nasci como se nasce o sol, percorri o meu caminho, engatinhando, andando, caindo, tropeçando e levantando.
Eu nasci, simplesmente, nasci.
Não escolhi mãe ou pai, nasci ali com eles. 
Nasci com o pôr da lua, escorreguei pelo caminho sinuoso e entre trancos e solavancos,
resmungando e chorando, eu nasci.

Eu cresci, nada mais ou a menos, apenas cresci.
Fui criança e escolheram por mim, não escolhi amigos e nem inimigos, não escolhi o que me ensinaram e passei a defender aquilo que me condicionaram.
Eu cresci mais ainda, foi inevitável, cresci.
Fui adolescente e esconderam a verdade de mim, queriam me proteger, mas, a esconderam de mim. 
Não escolhi as experiências e nem delas fugi.

Questionei o que um dia me ensinaram e apenas com um olhar me calaram.

Eu nasci, fui criança, cresci e envelheci na sinuosa estrada que percorri.
Muitas lições aprendi, mas, nenhuma delas estavam nos livros que eu li.

Hoje compreendo que simplesmente nasci, independente do lugar, cor ou crença.
Suportei o sol de desertos aparentemente sem fim, me esquivei de rajadas de areias e miragens impostas por um sofrimento que criei em mim.

Hoje ao olhar para trás, não consigo perceber o quanto deste caminho já percorri.
Questiono tudo o que a vida e as pessoas apresentaram para mim, desfaço dos valores e referências como bolas de fumaça que se dissipam ao mais brando vento, brinco com minhas feridas, com o mesmo carinho que um cão lambe suas cicatrizes, carrego meus pesos sobre meus ombros, com a ajuda dos fantasmas que alimento a cada nova curva dessa estrada que sigo, observando cada novo pôr de sol, acompanhando cada novo nascer da lua. 

Contrariado


Às vezes me sinto alegre, porém, não compreendo o porque.
Às vezes os porquês me invadem e eu não sei por onde.
Às vezes me surgem respostas de perguntas que não fiz.
Às vezes faço coisas das quais não me lembro e
lembro de coisas que não fiz.

Às vezes me sinto triste e compreendo os motivos.
Às vezes os motivos me abandonam e não os encontro mais. 
Às vezes nos meus encontros casuais deixo de ser quem sou.
Às vezes sou aquele que não gostaria de ser.
É difícil nos encontrarmos com o que mais gostamos em nós. 

Às vezes sorrio quando quero gargalhar.
Às vezes gargalho quando quero chorar.
Às vezes choro quando quero gritar.
Às vezes grito para calar.
Calo, penso e reflito.

Reflito e não concluo o raciocínio.
Raciocínio e as imagens se misturam.
Devaneio e este torna-se um pesadelo.
Pesadelo que me dá prazer em sonhar.
Sonho que me dá medo em acordar.
Acordo e tenho que me calar.

Pois os segredos que trago em meu peito, só a mim posso confessar.

Dia Internacional da Mulher - 2014


Havia naquele peito um coração que batia, batia tão descompassadamente que não permitia que ela compreendesse o que causava tal emoção.
Havia naquele ventre um coração que batia, batia tão tranquilamente que lhe dava a certeza de que se tinha recebido a melhor companhia, uma mulher, uma mãe.
Mulheres que vivem um turbilhão de sentimentos, mas, não se permitem perderem-se em meio a tantas emoções.
São as guias, referências e o norte de muitos, se não de todos.
Mulheres que vencem barreiras, superam limitações e simplesmente ignoram preconceitos, avançam, conquistam, superam e provam não para outros, mas, para si o quanto são capazes de fazer o mesmo com zelo e carinho, com uma sutileza que é somente delas, onde o toque feminino transforma tudo em algo tão belo e agradável.
Mulheres guerreiras, operárias, administradoras e tantas outras coisas.
Mulheres que são simplesmente mulheres, que sentem, riem, gritam e choram, que odeiam e no instante seguinte amam novamente.
Mulheres que se entristecem com coisas que para homens não tem importância, mulheres que fazem daquilo que para nós homens não tem importância o mais especial momento de uma vida inteira.
Mulheres que em sua essência já são belas, pelo simples fato de serem mulheres, não importa a silhueta, a cor ou credo, mulher por si só já torna o universo mais encantador.
Mulheres já não são frágeis, talvez, jamais foram, apenas não as deixavam serem fortes, agora, porém, as amarras se romperam, os horizontes se ampliaram e tudo o que era cinza começa a se tornar mais branco, mais brando.
Há firmeza no pulso da mulher, mas há doçura em teu toque.
Há raiva no olhar da mulher se for provocada, mas, há verdade em seus sentimentos quando fala.
Há mágoa nas palavras de uma mulher quando constata a deslealdade, mas há perdão em seus gestos quando há dor suaviza.
Que ser perfeito em toda sua imperfeição, tão simples e complexo, tão forte e sensível, tão segura e frágil ao mesmo tempo.
E é por tudo isso e muito mais, que celebramos seus dias, internacional e nacional, mas, deveríamos celebrar em todo amanhecer a grata alegria de ter ao lado você Mulher, seja amiga, irmã, mãe, esposa ou qualquer outra forma de relação, pois, vocês são as cores que colorem nossos jardins, são inspirações e razões de muito do que nós homens jamais admitimos.
Parabéns mulheres!!!! 

Canção do desorientado



Sinto o tempo passar, não sei quando e nem porque tudo mudou assim, lembro dos dias junto com você e não quero me esquecer.
Lembra-se dos nossos planos, enfim?

O que fazer quando tudo está por um fio?
Para que lado tende um coração quando de repente surge uma nova intenção?

Tudo era sol e verão quando uma tempestade se formou, o vento soprou forte demais e nossas raízes não suportaram a força do destino
tombamos, então, cada qual para o seu lado.

Hoje não sei como estás, mas gostaria de lhe dizer que vou indo, sem muitas mudanças, mas ainda sigo meu caminho.

O que fazer quando no coração se sente tanto frio?
Qual direção seguir, quando o espírito se sente perdido?

Já procurei por muitas respostas além de mim, 
e somente mentiras encontrei no fim. Ouço a brisa e percebo que a cada fracasso uma força se renova em meu peito, mas, não é o suficiente para fugir desse lamento.

Quando se canta a canção do desorientado, há que se perguntar ao silêncio da alma qual caminho seguir, ouvir com atenção o que responde o coração e aceitar que a intensidade do que se viveu jamais irá se repetir.

O novo dia que se finda


É manhã, abro os olhos e vejo um novo dia. Me levanto, olho pela janela e penso: Um novo dia?
Ligo o rádio e ouço as mesmas músicas, ligo a tv e vejo as mesmas notícias, olho para minha família e ouço o mesmo tom nos bom dia.
Saio para a rua sempre no mesmo horário, pelo caminho encontro sempre as mesmas pessoas com os mesmo olhares ofuscados pelas mesmas cobranças, as mesmas preocupações e os mesmos irreais temores.
Percebo, então, os mesmos dias no novo dia.
Chego ao trabalho e ouço as mesmas reclamações, sobre minha mesa os mesmos papéis e formulários que não me dizem nada de diferente, nada além daquilo que já sei, como os livros das escolas que um dia me ensinaram algo novo, algo que acreditava que um dia usaria em minha vida, escola que disseram que me faria ser um ser digno para ser aceito em uma digna sociedade e que hoje se tornou indigno depósito daqueles considerados indignos das oportunidades dignas que tanto nos fizeram acreditar que teríamos acesso.
Lembro-me dos professores da minha infância, bravos heróis como os de hoje, que lutam com alma e coração para manter viva a esperança de que onovo dia será melhor do que este novo dia que se finda.

Quem somos?


Quem somos para gritar ao mundo em nome de incertos e inseguros deuses, se não somos capazes de compreendê-los ou definí-los?
Quem somos para chamar a atenção de outros com sermões vãos se não compreendemos o que dizemos e menos ainda, praticamos aquilo que dizemos para fazerem?
Quem somos para definir o bom e o mau para alguém, se até nossas decisões são tomadas pelas circunstâncias e conveniências?
Quem somos para impor novos valores e conceitos se estamos tão confusos quanto todos nessa realidade confusa?
Quem somos para dizer que o mundo está errado se não conseguimos consertar os erros dos próprios mundos?
Quem somos para definir e cobrar o amor, se em momentos contrários ao que queremos maldizemos tão belo sentimento e não oferecemos o amor que há em nós sem antes recebê-lo?
Quem somos para discutir a beleza de uma flor, se a beleza está nos olhos de quem vê?
Quem somos para definir o belo e o feio, se isto equivale ao estado de ânimo daquele que o interpreta?
Se não somos capazes de definir a nós mesmos, uma vez que sempre nos preocupamos pela forma que somos interpretados pelos outros, quem somos nós para definir ou julgar aquele que está ao nosso lado?
Somos apenas a soma dos defeitos, inseguranças, carências e virtudes, moldadas para atender as cenas da peça do dia-a-dia do teatro da vida.