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O orador


E por tantas e tantas vezes caminhei só, caminhava de braços dados com a solidão, enquanto conversava com minhas ilógicas reflexões, questionando absolutamente tudo aquilo que sempre temi e evitei encontrar.
Busquei em cada esquina fria e suja o carinho mais sincero das mentiras que eu contava, para pessoas que insistiam em acreditar como se fosse verdades.
Orei para demônios e praguejei contra anjos, ofendi aos duendes e maltratei todas as fadas que cruzaram minha trilha, trilha de tons instáveis como notas mal tiradas de instrumentos perfeitamente afinados.
Percebi nesse momento que minha vida não era vida, e sim a ilusão de viver.
Percebi que os dias passaram, passam e passarão de forma quase imperceptível, me dei conta que ainda que muito me esforce, no fundo, jamais me esforçarei o suficiente para mudar a vida que levo, que apesar de não ser a que eu quero, por algum motivo ou força maior que não sei explicar, é uma vida que não quero deixar partir, não deixar que ela deixe de existir.
E quando vejo mais uma noite se foi e todos os planos e sonhos, apenas os comecei, mas, nenhum deles eu concretizei.
Mais um dia chega, mais uma esperança de que ele será diferente, no entanto, no íntimo, enquanto olho no espelho e ajeito minha gravata, sei que digo isso mais para convencer outros que intimamente também não se convencem, mas, preferem acreditar no que digo, do que aquilo que se diz a si.
Me vejo diante da platéia, rostos e olhares atentos, esperando para absorver e aprender tudo aquilo que eu disser, para depois reproduzir as mesma mentiras, convencendo os que também não querem acreditar.
Falo algo, pausado, de repente, silencio, busco em cada olhar que mal piscam, a expressão do que eu gostaria de ouvir deles. Busco em cada rosto a verdade de que não queriam estarem ali. Mas, não, eles insistem e permanecem, riem das piadas sem graças e sem nexos que conto, demonstram espanto diante de um caso que acabei de inventar, com tanta propriedade que até eu penso se não vivi realmente aquela história, e aplaudem, quando de improviso digo qualquer coisa que percebo em um belo lábio feminino faminta de uma palavra só dela.
Rio dos meus absurdos, parece cruel e por um instante até me arrependo, mas, no fundo me delicio com tudo isso, com a falsa ingenuidade de quem acredita em mim, e por mero prazer sou mais cruel, coloco mais efeito em tudo o que digo, enfatizo, gesticulando, me curvando, apontando o meu indicador de forma pesada, impiedosa e acusadora para o rapaz a minha frente, o acuso de suas mentiras, dos seus desejos ocultos, dos pensamentos mesquinhos que nesse mesmo instante estão em sua mente, do fato de somente seu corpo estar presente. E espantado ele admite a culpa, reconhece o erro e pede desculpas e eu por dentro me acabo em gargalhadas.
Como pode pessoas ditas, tão inteligentes, com tantos certificados de mestrados e outras qualificações, acreditarem em mim, que mal tenho o ensino médio?
E quando falo sobre os noticiários e pergunto quem se considera uma ser bem informado, a maioria para não dizer todos, levantam a mão. E eu rio deles, sou mais uma vez cruel e digo, olhando para os olhos daquela que a pouco tinha os lábios, belos lábios, sedentos de conhecimento, que não sabem nada, não tem informação alguma e menos ainda que são tão inteligentes que alguém algum dia lhes disse serem, rio, maldosamente, rio e o que mais me fere, percebo que eles gostam disso, do meu riso cruel e da verdade absurda que ninguém tem coragem de dizer a eles, que eles mentem a si, tentam convencer a todos daquilo que eles não acreditam e que sabem que no fim da jornada, serão apenas mais um que cruzaram uma série de caminhos, sem fazer valer a pena um segundo que fosse dessa fantástica jornada que chamamos vida.