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Um dia como hoje


Um dia como hoje, um dia onde as pessoas riem, brincam, se abraçam e por algumas horas se esquecem de suas realidades, seus problemas, suas preocupações, suas diferenças. Não há mal nisso, pelo contrário é importante se não for fundamental.
Mas, qual será o sentido real que dão a esse momento? Será que pensam, analisam esse instante? Ou será que simplesmente se divertem e amanhã quando acordarem não parecerá somente mais um encontro para celebrar uma outra data "especial"?
Quando estava a caminho para onde eu iria fazer presença nessa data, olhava em volta e observava crianças que vagavam aparentemente sem destino pelas ruas. Eu caminhava sem pressa, aparentemente sendo o único que não corria para chegar onde muitos com certeza ansiavam por estar o quanto antes. O dia estava claro ainda, demorava um pouco mais para escurecer devido ao horário de verão, então, sabendo que minha viagem seria longa, não tinha porque ter pressa. Eu via a noite se aproximar sorrateira, as ruas aos poucos se esvaziar, os sons das vozes ansiosas se diluindo entre os sons dos motores que apressados passavam sem se importar com nada, mais algum tempo e eu seria um dos poucos que ainda estaria a caminhar pelo espaço que até a pouco mal se podia mover-se. As luzes dos comércios a se apagarem, o ranger quase que grito das portas de aço rompiam o que restava de segundos de silêncio, crianças sentadas nas calçadas olhavam sem brilho o movimento que se extinguia, crianças solitárias com as palmas das mãos voltadas para o céu como que esperando cair do alto aquilo que prendiam dentro de seus peitos.
Eu seguia, sem pressa, sem motivos, apenas seguia, sabia que por querer ou não eu chegaria. E continuava a olhar em volta, um senhor passa apressado por mim, ele empurra um carrinho de supermercado carregado de caixas de papelão, sobre as caixas três cães obedientes permaneciam deitados e apreciavam o passeio, dois deles olhavam para frente, de vez em quando para os lados, outro de frente para quem empurrava o carrinho, tinha a boca entre aberta com a língua de fora como que se sorrisse para aquele que compartilhava com ele o pouco ou quase nada que tinha. E eu seguia...
Segui o meu caminho quase que sem escolher, segui o meu caminho confiando naquilo que na verdade as vezes nem sei se acredito, segui meu caminho como se fosse o meu destino, me coloquei a disposição do universo para que ele me conduzisse para onde ele quisesse, deixei que ele me colocasse onde eu deveria estar, para quem eu deveria estar e apenas segui.
O dia se foi, chegou a noite. Árvores balançam com sons tristes em suas folhas, as luzes opacas clareavam em vão os vãos a minha volta, os carros se foram, as pessoas já não estavam e nos cantos escuros, becos imundos, crianças continuavam a manter as mãos voltadas para o alto, os olhares não viam nada além da luz dos postes indiferentes aos sãos ou não. Continuei, caminhei mas eles me acompanharam, eu os vias nos reflexos das janelas dos trens que usei, no vidro embaçado de um ônibus que embarquei e principalmente no brilho e na luz do sorriso de um menino que confortavelmente viajava em seus sonhos, enquanto brincava no colo de sua mãe que estava um banco a minha frente.
O ônibus seguiu, eu segui, desci, caminhei e cheguei, as crianças não vieram, mas ao ver as pessoas rirem, brincarem, se abraçarem, fechei meus olhos, engoli minhas lágrimas e para cada um que fiz o mesmo gesto, pedi para que cada criança sentissem de mim o sentimento que aos que estavam comigo demonstrava, desejei e ofereci a cada uma dessas crianças aquilo que sei não tiveram e assim segui o ritual e agradeci ao universo e pedi que eu tenha forças para alimentar a emoção desse momento para usar todos os dias e sempre que tiver a oportunidade demosntrar e agradecer as pessoas que cruzarem meu caminho por tudo o que me ensinarem e poder buscar em cada uma delas o melhor de suas essências, ainda que me firam de vez em quando, mas que quando acontecer eu tenha forças para lembrar de dias como hoje, para que esse sentimento predomine sobre qualquer outro e assim eu possa seguir, sem pressa, sem destino e sem egoísmo...

Um mero reflexo entre a paisagem


Ele está ali, deitado, olhando para aquela que tanto gosta, admira, respeita e deseja. Ali está ele, permitindo mais uma vez que o sentimento aconteça, ele teme, como todos que já sofreram e se decepcionaram por se entregar a alguém, que mostrou o mais íntimo de si a alguém. Ali está ele querendo acreditar que há alguém que sabe compreendê-lo e que se não o compreender permitirá explicar e dar ao menos o direito da possibilidade de acreditar no que ele diz. Ali está ele, vivendo intensamente a entrega total de todo o seu ser aos momentos mágicos, momentos únicos e instantes que jamais se repetirão.
Durante a manhã como o Sol que tímido surge e aos poucos esquenta os corpos daqueles que caminham muitas vezes sem destino, surgem os carinhos, os risos, os beijos e as brincadeiras. Chega a tarde e tudo se torna morno, suave, delicioso. Uma preguiça gostosa que envolve os seus corpos, a vontade louca de não fazer nada a não ser tudo com ela que está ao seu lado e quando chega a noite, os corpos já cansados, exaustos, suados, transpirando paixão, cumplicidade e entrega, não percebem os sons se tornarem distantes, o mundo a volta deixar de existir e as vezes, somente as vezes, acordar de repente para envolver a essa pessoa que lhe parece tão frágil e de quem tanto gosta, como se quisesse protegê-la e ao mesmo tempo proteger-se da idéia que sorrateira invade sua mente de que amanhã ela não estará mais ao teu lado.
Amanhece o outro dia e simplesmente uma circunstância, aparentemente, sem a menor importância, cria uma interpretação, essa interpretação se torna fato e o fato é verdade absoluta e inquestionável. De nada vale suas explicações e justificativas, de nada adianta os momentos até então vividos, a expressão no seu olhar, as palavras doídas que saem do seu peito buscando encontrar-se e mostrar que há algo de equivocado na interpretação daquilo que gerou tudo, ela não percebe e caso perceba, de nada vale aquilo que se reflete no teu olhar, na tua face e no teu corpo.
Tudo então passa a não passar de nada, quando muito, momentos. E vem a sua memória, durante todo o dia, cada segundo, cada gesto, cada palavra, cada sussurro, ele olha pela janela e não vê nada além que um semblante pálido e um olhar sem brilho.
Em meio a multidão, pessoas passam sem ao menos chamarem sua atenção, ele atravessa a rua e nem se lembra de que é uma rua, apesar de todos os sons e movimentos, sente-se só, ele sente o vazio novamente tomar conta do espaço que acreditava ter sido preenchido.
Pensa consigo que não é a primeira vez que isso acontece e sabe que nada irá mudar apenas para amenizar sua dor, então, ergue a cabeça e busca unir todas as forças que ainda restam nos músculos de teu rosto e esboça um sorriso, não quer que perguntem o que aconteceu, não quer que percebam que mais uma vez tua alma chora, não quer mais uma vez ter que contar, não para outros, mas para si mesmo tudo o que aconteceu e mais uma vez ter que sentir a dor de ser verdadeiro ser dissipado por circunstâncias interpretadas e aceitas como verdades absolutas. Pensa consigo, que ainda que mil vezes chore por não acreditarem, mil vezes se permitirá sentir, sem jamais abrir mão da sinceridade que busca compartilhar. Sua alma chora, seu sorriso mente, seu corpo vaga e seu coração mais uma vez contempla uma nova cicatriz... Riso... Ele olha pela janela, busca na paisagem uma explicação, mensagens sussurradas pelo vento, sinais do quanto está doendo em sua alma essa situação que é desenhada no vidro embaçado que reflete nada mais do que um homem em busca de amar e ser amado.

A magia de Helen




(Helen, é real, uma enfermeira a qual presenciei seus procedimentos salvando uma vida que em decorrência de acidente de motocicleta, onde a vítima quase faleceu. Uma homenagem a todos que salvam vidas, seja em procedimentos médicos ou com simples palavras de encorajamento.)
E então, Helen chegou...
Sua beleza conforta a dor,
sua mão acalma o sofrimento,
em seu olhar uma esperança de vida.

Ela massageia a ferida,
ela fecha o corte,
ela faz bater um coração.

Helen, tão bela é tua delicada força...
Ah! Que bom que você chegou...
Cura essa dor que ainda incomoda,
trás vida a este corpo machucado.

Helen, tão doce tua voz...
Ah! Que bom que você sorriu...
Ata-o no brilho deste olhar,
deixe-o inalar a essência de tua energia.

Tudo parecia perdido,
o espírito já estava partindo
e tudo aconteceu tão rápido...
Helen, um anjo que acordou
o coração já adormecido.

E então Helen partiu,
a ferida cicatrizou,
sua delicada força naquele corpo ficou.
Tua voz ainda ecoa
E Helen foi salvar outro coração...

O julgamento


Um vazio interminável a sua frente, envolvido em intensa escuridão. Um grito no mais baixo tom quebrou a harmonia já ensurdecedora do silêncio que o envolvia.
Ele calou até mesmo a voz que ecoava em sua mente incomodando o mais profundo que havia em seu coração. Ele olhava as inabaláveis paredes de breu que haviam diante de si e como num espelho o incógnito temor passava a tomar forma, sua silhueta disforme, formava-se em seu presente como a um passado. Seus olhos queimavam sua alma como ele havia consumido a de alguém, sua boca escancarada devorava o seu último sonho, da mesma forma como ele devorou o primeiro de outra pessoa.
Ele caminhava na vazia escuridão sem rumo, sem ao menos sentir o chão sob seus pés, olhava para o nada na esperança de encontrar tudo: Uma saída.
Ouvia vozes que vinham de uma luz avermelhada que oscilava a uma considerável distância a sua frente, como que suspensa no vazio e escuro vácuo em que se sentia aprisionado. Se aproximou e chegou a um vasto salão, as vozes são de pessoas conhecidas por ele, não se lembrava em que circunstâncias as conheceram ou se separaram, mas sabia... Eram conhecidos.
Sentia uma presença que o incomodava muito mais, estava silhueta permanecia parada em um canto menos escuro do salão, acompanhava de forma discreta o compasso da melodia. Ele sabia que mesmo sem olhar diretamente, ela o observava.
Por impulso começou lentamente a caminhar em direção a silhueta, enquanto cruzava o salão observava atentamente as faces que pareciam flutuarem vindo em sua direção, quase atravessando seu corpo.
Se aproximou e ao chamar a silhueta virou-se e um calor intenso invadiu seu ser, teve a nítida impressão de que os ângulos e posições haviam sido invertidos, olhou para o vazio negro que havia no lugar de um rosto e se viu, via-se como os outros o viam. Via seus defeitos e virtudes, via seus gestos, sua postura e toda uma formação até então tida como sólida ruir-se no mais suave soprar de uma brisa.
Percebeu o que significavam as imagens e o que faziam ali estas pessoas, todo seu egocentrismo posto a prova, seu prestígio sendo apresentado para que aprendesse para que serve e tudo o que defendia parecia perder tuas finalidades.
- Onde pretende chegar? Ele perguntou desesperado, quase gritando.
- Chegou a tua hora, mas no seu julgamento serás condenado a uma segunda chance. Você sempre fora preso a ridículos valores e hipócritas crenças, deixou de viver por medo de aprender e quando resolveu fazê-lo não mediu conseqüências e por muitas vezes prejudicou a quem não merecia, terá uma segunda chance, pese bem tua vida e teus atos, pois é você quem julgará e o que decidir estará decidido, faça valer a pena esta oportunidade ou caminhará sobre as mesmas pedras e espinhos que andou até agora. Dizendo isso, a imagem se desfez. Acordou assustado, suado e se debatendo contra a coberta que me cobria o rosto.
Gargalhou de si ao ver-se tão assustado por um sonho, levantou e resolveu caminhar um pouco, ao abrir a porta e se lançar a rua, ao dobrar uma esquina alguém lhe pediu um cigarro, ele entregou e continuou sua caminhada, pouco depois, ouviu:
- Nem todos tem uma segunda chance...
Olhou para trás assustado, não havia ninguém além dele na penumbra da madrugada fria que fazia...

Palavras de adeus de um solitário ateu


Gostaria de dizer algo antes de partir.
É importante para mim dizer como me sinto, principalmente agora que talvez já tenha partido.
Eu gosto muito de viver, mas não me importo de dizer adeus, talvez um eterno adeus.

Partiria e dependendo de como seja o desconhecido, irei cantando “Just a gigollo”.
Mas tudo acontece de forma tão rápida que talvez não dê tempo de lhe dizer adeus e então quando você chegar eu já tenha partido, enquanto todos choram em busca de um pouco de prestígio eu estaria com um sorriso tolo estampado nessa cara fina que o tempo há de corroer.
Se for possível, permanecerei entre as turmas isoladas que lembram as situações hilárias desse que parte, achando graça das piadas sem graças que um dia contei e ver quando entra aquela menina, os canalhas discretamente lançando olhadelas e ver aquele grupo de garotas que nem sabem porque estariam ali, mas estariam.
Não me importo com nada disso, na verdade até me divirto.
E se eu morrer agora, apenas terei partido, talvez como o trem que chegou atrasado ou como o ônibus que apressado sai antes do horário, talvez como o destino certo, ou ainda, nem de endereço precise o diabo.
Se eu morrer agora, estaria imaginando a expressão daqueles que lerem essas palavras vãs, palavras de adeus de um solitário ateu.

Os ponteiros


Mais uma vez está entardecendo, as pessoas caminham apressadas sem saber exatamente o motivo. Algumas, estão a caminho de casa após outro dia de trabalho, querem descansar, correm, mas buscam o descanso em seus lares ou um refúgio daquilo que se deparam todos os dias? Não seria em suas casas que encontram o tempo necessário para se depararem com seus maiores temores? Frustrações? Dores?
Enquanto isso, outras estão ansiosas e empolgadas por perceber uma noite a mais, uma chance a mais para talvez mudar aquilo que sentem. Vêem na noite a possibilidade de muitas coisas acontecerem, a chance de preencherem o tão intenso e profundo vazio com que convive há muitos anos, sonham com a possibilidade de encontrar alguém que preencha a carência que está além do corpo, mas muito aquém da compreensão da alma. E ainda que o neguem para outros e lutam para negarem a si, sabem que o que procuram não é nada além de um corpo que possa fazê-las sonhar por algumas horas, de que esse tempo poderá ser eterno.
Meus olhos sorrateiramente passeiam pelos rostos cansados que dando a impressão de não haver vida neles, seguem seus cursos, me parece que ainda que esses corpos tivessem os olhos vendados seguiriam o caminho sem ao menos tropeçarem, sabem o caminho tantas vezes percorrido com a impressão de que ele fora traçado de forma definitiva, não podendo ser mudado.
Os olhos atentos das adolescentes, intensas em esperanças, chispam em faiscantes olhares inquietos e curiosos em todas as direções, e depois seguem levando na face, ainda sem marcas do tempo e da vida, um sorriso que mostra o findar da ingenuidade.
Passo mais uma vez meus olhos pelos ponteiros de um relógio vulgar pendurado em um canto esquecido do estabelecimento, como por descaso parece ter parado neste instante. Olho atento por alguns instantes o relógio e não sei porque, mas tenho a impressão de que os segundos e o minuto se estenderam um pouco mais.
Levanto meu olhar para a rua e não há mais ninguém dos que estavam ali há tão pouco tempo. Os que estão ali são outras pessoas, mas me parecem ter as mesma expressões, olhares, sonhos e angústias. Olho ao meu redor, nas mesas, no balcão, ninguém se dá conta de que estou a observá-los, aguço minha audição e ouço a conversa de um grupo de rapazes ao lado. Falavam de garotas com quem haviam programado algo para o fim de semana, dado o recado fez-se o silêncio, um gole na cerveja aparentemente já quente, quando pensei que se iniciaria um novo assunto enquanto se entreolhavam e depois como que combinado olhavam juntos em uma mesma direção para fora do estabelecimento, nada acontecia. O silêncio entre eles parecia ter um peso quase insuportável e o que parecia para mim uma eternidade, não durara mais do que um minuto.
Nesse momento, um homem de aproximadamente 40 anos, alto, grisalho nos poucos cabelos que lhe restam, barba curta no mesmo tom cinzento, traz sob um dos braços um jornal enrolado, senta-se na última a mesa a direita do salão, no canto e sem lançar um olhar em pouco sobre sua mesa está posto um copo pela metade com alguma bebida destilada, ao lado um copo tulipa quase até a borda com a cerveja tirada da garrafa pousada a sua frente. Inicia sua leitura, em pouco tempo, percebo que já não está mais ali, a forma como se dispões informar-se já não é mais prestígio mas prazer, satisfação.
Novamente a percepção do tempo, tenho a impressão que a cada nova observação o relógio me convida a compartilhar com ele algo que não tenho a menor idéia do que possa ser.
Ao olhar para uma mesa logo a entrada do estabelecimento, observo um rapaz solitário, tendo como companhia apenas sua cerveja. Ele olha o vai e vem da rua a sua frente, mas sinto que não é isso o que ele vê. Seu olhar está distante, ele está distante de tudo e de todos, distante de si. Olha para um ponto qualquer como se a qualquer momento alguém iria surgir dali. Então penso que ao estar atento ao tempo, esse instante irá demorar um bocado para terminar, porém, a ele que disperso e em devaneio terá a impressão de que esse momento não durou mais do que um piscar de olhos, enquanto se perdeu em alguma lembrança talvez.
Olho para a rua, as pessoas passam, os carros passam, alguém grita um produto que tenta vender, me levanto, pago a conta e saio. Acabou-se a magia, o relógio já fora esquecido ao meu movimento de levantar-me, o tempo simplesmente voltou a correr indiferente a mim.
Alguém ao meu lado diz a seu amigo: “-Um ano mais já se passou...”. Olho para o meu relógio de pulso e constato que toda essa minha divagação não passou de quarenta minutos e percebo que já não sou escravo do tempo e nem temo o que posso controlar, afinal, tempo é tudo o que tenho, tempo é tudo o que sou, e nesse tempo volto a caminhar... 

Karl Mot.

Como está você, mulher?


Abordo um tema inicial, por isso o título, para que digam como se percebem dentro dessa realidade de hoje e como pensam quanto a tudo o que tiveram que superar para chegar a esse momento.
Nos últimos anos, acompanhamos de forma até desconcertados todos os tipos de mudanças e informações. Vimos nas últimas décadas valores caírem por terra, referências perderem-se no tempo a uma velocidade estonteante e muitas vezes só nos demos conta disso algum tempo depois, devido ao ritmo frenético que vivemos.Um desses conceitos que para alguns a contra gosto, outros ceticismo ou desconfianças e outros ainda com uma certa alegria, foi os cargos estratégicos e de liderança, antes exercidos somente por homens, sendo aos poucos ocupados por mulheres. Foi uma mudança tão rápida que nem elas ou eles estavam preparados, elas arregaçaram as mangas, saíram a luta, deixaram em casa os filhos, reorganizaram seus conhecimentos e formação, lutaram e venceram a regra de que a mulher de verdade cuidava somente do lar e da família, algumas devido a necessidade de suprir a necessidade de que o marido já não conseguia mais, outras pela ambição e coragem de provar que as mulheres eram muito mais do que sempre tentaram impor como verdade, e se tornaram representantes de todas as demais. Tiveram que enfrentar todo tipo de pressão e preconceito para mostrar que eram muito mais do que somente “Donas de casa”. Os homens em funções tradicionais, como motoristas de ônibus, condutores de trens e metrôs, táxis, caminhões, se viram aos poucos tendo como companheiras e colegas de trabalho mulheres que apesar de toda resistência conquistaram seus espaços, respeito e finalmente a liderança diante de equipes antes lideradas por outros homens.
Temos ótimas e excelentes profissionais em funções essenciais, como a segurança pública, saúde, política e em praticamente todos os setores. Mesmo não havendo para elas referências anteriores, entre erros e acertos, cometendo equívocos decorrentes de tão grande e inovador desafio, hoje figuram entre grandes e importantes referências.
Apesar de velado, sabemos existir ainda o preconceito e a desvalorização entre aqueles que insistem em se manterem presos a uma realidade que não existe mais. Mas, na grande maioria já são aceitas, respeitadas e admiradas como profissionais e não mais somente pelo fato de ser do sexo oposto.
Em muitas das situações de conflitos que pode haver em uma equipe, o toque feminino muitas vezes é o que faz a diferença. Sem perder a autoridade, poder ou liderança elas conseguem ter a visão e agir da forma a conduzir a equipe por um melhor caminho, sem a inflexibilidade masculina da limitação entre a conquista do respeito e a imposição pelo poder. Elas em situações como atendimento a uma delegacia onde as vítimas muitas vezes o que mais precisam é saber que há alguém a seu lado para defendê-las ou apoiá-las, ao invés das atitudes de indiferença diante da já constrangedora situação que se encontram, que é comum aos homens, até em decorrência do tempo que se encontram na função, tomando como “comum” depois de um tempo esse tipo de situação, perdendo uma sensibilidade já minguada que existe através de uma cultura secular.
Portanto, acredito que hoje e espero que continue a crescer a tendência de mulheres assumirem cada vez mais postos de liderança e representação social. E que bom seria se elas estivessem no comando do mundo. Talvez houvesse maior tolerância e compaixão para com a sociedade menos favorecida. Talvez buscassem outras vias de se resolverem os conflitos que até hoje os homens dos mais diversos conceitos, valores, formações, religiões e referências não conseguiram fazê-lo. Talvez o mundo se tornasse mais humano e menos violento. Pois como um ser que trás a vida outras vidas com certeza buscariam sempre a melhor forma de se contornar conflitos, buscariam a melhor forma em como amenizar ou resolver o problema em relação a fome que assola diversos países no mundo, extinguindo milhares de crianças todos os dias.
Talvez fosse o momento de admitirmos e aceitarmos o fato de que nós homens, não somos capazes de lidar com determinadas situações, onde a sensibilidade e compreensão tenham que ser aplicadas como solução de problemas e não a força, imposição, poder e autoridade.
Talvez seja o momento, de pensarmos na possibilidade de deixarmos o mundo frio e distante das políticas sociais a cargo das mulheres e nós homens assumirmos outros setores onde a indiferença não afete tanto a vida de uma sociedade, seja ela, local, regional ou de toda uma nação.
Então, pergunto: Como está você, mulher? Como se vê dentro dessa realidade?