Mensagem para você!!!

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Feliz Ano Novo????


E mais uma vez, se aproxima a grande data.
Há como sempre uma grande expectativa, individual e coletiva quando se aproxima a "virada" de ano.
É uma tradição, é algo que vem de muitas e muitas gerações, sempre alimentando inúmeras possibilidades de mudanças, alimentando uma grande expectativa de que tudo será diferente e para melhor no ano seguinte.
Porém, na maioria das vezes, ao findar o ano, naqueles instantes em que nos pegamos revendo o ano que termina, percebemos que praticamente nada foi diferente.
Percebemos que recusamos conscientemente várias oportunidades de fazer diferente aquilo que sempre fazemos igual.
E porque recusamos?
Recusamos porque temos medo das mudanças, porque temos uma apego mesquinho aquilo que nos simboliza estabilidade, segurança e conforto.
Porque somos de uma cultura que diz: "Mais vale um pássaro na mão, do que dois voando."
Mas será que vale mesmo?
Será que vale deixarmos de arriscar, pelo fato de perder algo e convenhamos, muitas vezes tememos perder algo que nem temos...
Será que vale a pena permanecer em um trabalho que não nos realiza profissionalmente, pessoalmente e financeiramente?
Será que vale a pena nos mantermos em convívios que já não nos agregam nada de positivo, ao contrário, só de pensar que estará presente junto a determinadas pessoas, sente-se um peso nos ombros, um cansaço descomunal e um desânimo que por mais que tente mudar, não se consegue fugir?
Então, se realmente quer um Ano novo, faça novo tudo aquilo que soa como velho e se não for possível reformular, descarte-o, se desfaça de hábitos, medos e costumes.
Eu sei, não é fácil e não será da noite para o dia, mas tem que começar.
Não digo aqui, para que seja irresponsável e simplesmente jogue tudo para o ar.
Eu sei que tem que considerar família, para quem é responsável por uma, compromissos financeiros, para que os tem em andamento.
Então, programe-se, planeje-se e estabeleça prazos para essas mudanças.
Acredite em você, em seus sonhos e em seus projetos.
Acredite que o novo ano pode trazer um novo você e aqueles que estiverem verdadeiramente ao teu lado se sentirão tão bem com a mudança quanto você se sentirá.
Não dê tanta atenção aos queridos que lhe dirão que não é momento, que é arriscado demais. Eles não o farão por mal, mas o farão por te querer bem.
Mas, eles jamais perguntarão se o que eles te pedem é o que te fará bem dentro daquilo que tem como o melhor para você.
Arrisque, dê um passo para um terreno que sempre ficou sentando em sua cadeira apenas observando.
Levante-se, pise nesse campo tão desconhecido, caminhe sem pressa e tente ver até onde vai sua extensão.
Leve consigo seus sonhos e os sonhos de quem você ama.
Leve consigo somente aquilo que acredita ser necessário, não leve bagagem demais para essa viagem, peso extra te fará cansar mais rápido e terá que ter energia para ir além dos limites que sempre foram impostas por tantas e tantas gerações.
É outro tempo agora, é outra realidade, o que servia alguns anos atrás hoje se tornou peso extra, tente se livrar deles.
É chegado o momento em que tem que decidir como você quer continuar vivendo, em que condições quer fazê-lo e terá que ter coragem para enfrentar muitas coisas, mas principalmente, enfrentar a si mesmo.
Quebre as correntes que te aprisionam ao passado e mergulhe na maravilhosa experiência do inesperado que te reserva o Novo Ano...

"Desejo a todos os amigos, que o próximo ano seja a oportunidade de mudarem aquilo que sintam a necessidade de mudar, de aprimorarem e melhorarem aquilo que acreditam que seja o melhor para cada um e que o universo proporcione as oportunidades necessárias e sabedoria para que as percebam e as tornem realidade. Um novo ano, repleto de muita PAZ, FORÇA e ALEGRIA..."

                                                                                                                   KARL MOT

Quando chegou o amor - Continuação


Dois anos se passara e eu guardava o meu segredo. Nem mesmo ao meu melhor amigo eu contei, mantive meu silêncio, continuei ouvindo suas muitas decepções afetivas, enxuguei por várias vezes suas lágrimas e em silêncio, engolia as minhas.
No decorrer desse tempo optei por me distanciar um pouco e tentar superar esse sentimento, pois, sabia que ele jamais seria correspondido e a cada oportunidade que ela tinha de chorar suas dores em meu ombro, mais claro e evidente isso se tornava.
O sentimento não havia sumido, mas de alguma forma o sentia mais calmo.
Havia momentos em que me batia o sofrimento, mas não era mais como antes, todos os dias.
De repente ela passou a estar mais próxima. Quando eu chegava à escola, ela vinha ao meu encontro, me cumprimentava com um beijo no canto dos lábios, me abraçava e caminhava comigo até à sala de aula.
Eu me sentia confuso, não sabia se ela estava apenas brincando comigo, se estava apenas mostrando para as amigas que teria sempre alguém à sua disposição ou se eventualmente ela havia deixado de lado uma suposta preocupação com sua imagem, uma vez que era uma das meninas mais bonitas da escola, uma das mais cortejadas por tantos outros garotos.
E com esse comportamento, apesar de todas as minhas dúvidas e inseguranças, não consegui impedir que o sentimento que até pouco tempo se mantinha suave, retornasse com toda sua força, provocando novamente toda a dor que já havia causado antes.
Final de ano chegou, os alunos, cada qual com os pratos preparados por suas mães nas mãos, um a um entrava na sala, colocava-os sobre a mesa do professor e após uma algazarra louca, com mesas e cadeiras sendo arrastadas para organizar a sala para a festa de despedida, todos sumiram para o pátio e quadra. Eu permaneci lá, não estava interessado em ir para quadra ou nem mesmo estar ali, mas, era preciso que eu estivesse, não podia faltar, meus pais não deixavam faltar à escola.
Então, ela entrou linda e única.
Parou próximo a porta. Por alguns segundos ela ficou ali e olhava para mim, eu sentado sobre uma das mesas, senti que meu coração disparara. Senti exatamente o mesmo que da primeira vez que a vi. Ela sorriu, colocou a travessa que carregava sobre a mesa, organizou os pratos já organizados e caminhou até mim, me cumprimentou como se tornara seu hábito com um beijo no canto dos meus lábios. Afastou seu rosto lentamente, olhando diretamente para os meus olhos, virou-se e foi até o toca-fitas que estava sobre uma das cadeiras no outro canto da sala.
Ah! Vocês talvez jamais conseguirão imaginar o que senti naquele momento.
A música começou a tocar, a lembro absolutamente inteira até hoje, os acordes, as melodias, a harmonia entre os arranjos instrumentais e a voz da cantora, somente eu e ela na sala, - nesse instante sinto até mesmo a fragrância do perfume que ela estava usado, é a memória olfativa... - e ela caminhava lentamente em minha direção, somente eu e ela, ninguém mais. - O mundo deixou de existir novamente e ainda deixa cada vez que me pego mergulhado nessas lembranças. - Ela parou diante de mim, pousou suavemente suas mãos sobre minhas pernas, beijou meu rosto, segurou minha mão e lentamente me puxou para que descesse de onde me encontrava. Quando me pus em pé, ela me envolveu em seus braços e começamos a dançar. 
Um aperto em meu peito parecia que iria esmagar meu coração, um nó em minha garganta me dava a impressão que me asfixiaria de tanta emoção e as lágrimas que queriam brotar em meus olhos me impedia de ver nitidamente qualquer coisa além de nós.
Nesse momento, entra na sala um dos professores, o professor de matemática para ser mais preciso, instantaneamente ela me deixa e corre em direção a ele, o abraça e o cumprimenta, simplesmente sai da sala, como se eu não estivesse ou nunca estivesse estado ali.
Me contive, o rosto enrubescido, totalmente apático e sem jeito no canto da sala.
O professor percebeu, olhou para mim, esboçou um sorriso encorajador, mas, hoje sei que em seu olhar tentava me dizer, eu sei o quanto dói.
A música continuava tocando, a lembrança da forma como ela me envolveu, da sua respiração em meu rosto, do perfume que exalava de sua pele, da intensidade do olhar enquanto ela me conduzia pelas mãos para longe das mesas... Tudo ficou vivamente impresso em minha memória por muito tempo, por muitas e muitas vezes chorei, sozinho em meu quarto.
Pela segunda vez, vi o meu grande amor simplesmente partir e me deixar com a dor de amar só para mim.


Quando chegou o amor - I


Eu tinha aproximadamente doze anos de idade quando conheci o amor. Parece cedo demais, mas hoje ao olhar para o passado e trazer a memória a intensidade daquele sentimento, afirmo que foi o melhor momento em que isso poderia ter acontecido.
Eu acabara de mudar de escola e me matricular em uma das escolas mais conceituada da cidade, ficava localizada na região central e logo que cheguei pude observar a diferença das realidades entre  os alunos e eu. Era um universo totalmente diferente.
No primeiro dia de aula, apenas observava, houve três ou quatro outros alunos que se aproximaram e me fizeram às boas vindas, me apresentaram a escola e seus espaços, um deles se tornaria um dos meus melhores amigos por muitos anos. Durante o passeio de reconhecimento do meu novo ambiante, passei por uma garota que no primeiro contato entre nossos olhos despertou em mim algo que até então, não havia sentido.
Lembro-me claramente, como se tivesse acontecido algumas horas atrás.
Toda a realidade à minha volta, parecia ter deixado de existir. Os sons não mais chegavam aos meus ouvidos, meu coração por instante pareceu ter parado de bater, minha respiração se tornou secundária na necessidade primordial de continuar a viver. Simplesmente, o tempo parou.
Enquanto ela caminhava em direção contrária, eu não conseguia piscar, eu a acompanhei e conseguia observar cada detalhe de seus movimentos. Os olhos grandes e negros, intensos. Os movimentos delicados de suas mãos, quando de vez em quando seu indicador cortava delicadamente o ar, como se quisesse desenhar flores no vazio, seus cabelos longos e tão negros quanto teus olhos balançavam de um lado para o outro, parte deles sobre seu ombro direito, a pele morena quase cobre, sua cintura fina e os movimentos de suas pernas durante os passos era como uma coreografia muito bem ensaiada para uma dança do universo. Eu apenas a amei naquele instante.
Para a minha alegria, quando tocou o sinal para entrarmos em sala, pude vê-la chegar segurando seus cadernos com o braço direito e na mão esquerda uma folha de caderno cuidadosamente dobrada. Sentou-se ao meu lado. Eu sem me dar conta, continuava hipnotizado e acompanhando cada movimento seu, até que ela me olhou e apenas sorriu. Eu não tenho certeza se sorri de volta imediatamente ou se levei alguns anos para isso, pois, quando me dei conta, ela ainda estava olhando para mim, com um sorriso ainda no rosto como se esperasse alguma reação ou ação da minha parte. Então, nesse momento eu posso afirmar, eu sorri de volta. Ela virou-se para a frente, abriu seu material e concentrou-se no professor. Fiz o mesmo.
Os dias foram passando, inevitavelmente houve uma aproximação, conversávamos muito sempre que tínhamos oportunidade, quando eu não estava com ela, estava na quadra jogando futebol.
No decorrer daquele semestre, nos aproximamos muito, conquistei a confiança  dela e procurava o tempo todo esconder aquele sentimento tão intenso que sentia, não queria correr o risco de afastá-la de mim, sabia que sua realidade era bem diferente da minha e que minhas chances seriam muito menores do que as que eu acreditava ter e não só para ela, mas para todos os meus amigos que não perdiam a oportunidade de me questionar se eu estava namorando com ela (Naquela época, não existia o termo, ficar...) e eu sempre negava, então, eles me infernizavam dizendo que eu estava apaixonado por ela, o que eu negava piamente. 
Minha amizade com ela se fortificou tanto, que caminhávamos de braços dados no intervalo e na saída da escola, quando então, ela seguia para a casa da avó que ficava do lado oposto ao qual eu iria. 
Em uma tarde, quando saímos mais cedo por causa da falta de um professor, percebi que ela não estava em meio aos alunos que se dirigiam para o portão de saída, passei a procurá-la e a vi entrar no banheiro feminino. Retardei meus passos para escapar dos meus amigos e dei meia volta e me dirigi ao banheiro masculino que ficava ao lado, sendo separado pelos vestiários. Fiquei na verdade, parado na porta, como se estivesse esperando alguém, para disfarçar que na verdade esperava por ela. Quando ela saiu, fingi que também estava saindo, sorri para ela e ela sorriu de volta, percebi que seus olhos estavam inchados e molhados, ela havia chorado.
Isso provocou em mim um sentimento que não sei definir até hoje. Talvez raiva de vê-la sofrendo e eu não ter impedido que isso acontecesse, talvez pena pelo simples fato de vê-la triste ou no mais egoísta de mim, encanto por ver aqueles olhos tão lindos brilhando devido as lágrimas mal secadas.
Perguntei então o que havia acontecido e ela me confessou que estava apaixonada por uma pessoa, mas sabia que essa pessoa não gostava dela, que mentia e que brincava com seus sentimentos. Tentei tranquilizá-la, ajudá-la a compreender aquele momento e tirar seu foco dessa imagem que causava seu sofrimento, mas, não adiantou, ela então se aprofundou no assunto e se revelou como eu jamais havia pensado, enquanto ela chorava e derramava sobre mim suas mágoas causadas por esse rapaz, eu sentia meu coração congelar de dor, eu jamais tinha pensado nela com outra pessoa, na possibilidade dela amar outro rapaz, e ouvir  sua dor me rasgava o peito.
Depois de muito conversar ela seguiu seu caminho. Eu me virei e sair a caminhar sem pressa, pensava no meu grande amor que acabara de deixar comigo a sua dor e plantar em mim o outro lado do sentimento que então chegou.

Por onde meus passos me levarem

E assim vivo por muito anos, apenas, coloco um dos pés para fora do portão e a partir daí, eu vou por onde meus passos me levarem...



Retrospectiva dos lugares em que estive 2012

Feliz Natal!!! Um vídeo com as fotos dos lugares por quais passei nesse ano que se finda. Ás vezes sozinho, em outras em companhias tão encantadoras que minha vontade seria de parar o tempo, mas, seria injusto se o fizesse, pois, quantas mais emoções me privaria e privaria quem estivesse comigo de viver... Abraços...


Mensagem de Natal 2012


E mais uma vez todos se mobilizam para as comemorações de Natal.
Uma data que deveria ser a simbologia e representação do renascimento, transformação, evolução positiva e expressão de uma nova fase onde o amor verdadeiro sejam o norte de nossas ações.
Então, que assim seja.
Que possamos alimentar em nosso ser todo o amor, carinho e a emoção que nesse momento invade nossas existências.
Que possamos todos os dias a partir de agora, esboçar um sorriso a quem encontrarmos no caminho pela manhã seguinte, independente de conhecer a pessoa ou não, mas com a certeza de que esse sorriso poderá mudar a vida de quem cruzamos na estrada.
Que possamos ter mais gestos gentis, que possamos ajudar mais naquilo que estiver ao nosso alcance, seja, ajudar uma senhora com uma sacola pesada, seja salvar uma vida.
Que possamos, em todos os ambientes que nos fizermos presentes levar algo de bom e positivo e ao sairmos deixar lá um brilho para todos, mesmo que ao sair saibamos que encontraremos escuridão.
Que possamos olhar o outro dentro de seus olhos e vermos além do que eles nos mostram.
Que possamos ouvir as palavras daqueles que sentem a necessidade de falar, e ainda que não digam, que possamos ouvir aquilo que sussurra o seu coração.
Que possamos permitir sermos abraçados e em retribuição, que possamos abraçar verdadeiramente ao outro e não aquilo que ele eventualmente possa nos oferecer.
Que possamos ser leais e verdadeiros não só com os que nos cercam, mas principalmente conosco, de forma a não querer nos enganarmos e alimentarmos emoções que não fazem mais sentidos serem alimentadas.
Que possamos nessa data nos libertarmos de tudo aquilo que nos feriu, trazendo somente as lições que essas experiências nos trouxeram e então, renascermos em nós mesmos, naquilo que temos de melhor.
Que possamos transformar as imagens que nos causam sofrimentos, mágoas e rancor e assim iniciar o novo dia, transformados em compreensão, tolerância e carinho.
Que possamos renascer, renovados na força e energia positiva que habita em nós e assim, fazer o melhor no que temos que ser melhor, que possamos ser mais justos diante das injustiças que são cometidas conosco ou diante de nós.
Que seja o Natal, não somente uma data comercial e nem somente uma data religiosa. 
Mas, que seja o Natal, a realização da transformação que sempre desejamos, que seja o Natal não somente a simbologia do nascimento de um Cristo, mas principalmente, o renascimento do Cristo em cada um, sem sua representação pessoal, em suas atitudes positivas para outros, em sua dedicação, comprometimento, empenho e desejo de fazer sempre o melhor para todos, porque no universo, o que impera é a lei do retorno, a lei da ação e reação.
Então, faça por outro e terá para si aquilo que foi feito. 
Que tenhamos todos, um ótimo Natal, repleto de Paz, Força e Alegria.
                                                                                                             Karl Mot

Minha namorada


Minha namorada tem um sorriso lindo e carinhoso, tem todo um jeito especial de dizer o que sente, tem uma forma só dela de me chantagear e conseguir do seu modo os carinhos e caprichos que tanto gosta.
Minha namorada tem um jeito criança de ser mulher, todos seus toques parecem mostrar-lhe algo novo, dá-se a impressão de que pela primeira vez sentiu-se tocada, olha para si como se pela primeira vez visse seus olhos refletidos no espelho, como se nesse momento visse a própria alma.
Alma que viaja pelos tempos, espaços e distâncias, alma que se assusta quando acorda desse dom de viajar, vagar, perambular pelos seus mundos e ver o que quase ninguém enxerga.
Alma que às vezes se assusta e chora pela força do amor que sente.
Amor que não consegue definir.
Amor que de tão certo, torna-se a maior de suas dúvidas.
Amor que por vezes se torna ódio apenas por amar.
Amor que não responde por si e nem por ninguém.
Minha namorada é simples, encantadora e maravilhosa.
Torna-se complexa devido a sua complexa simplicidade.
Minha namorada exige coisas simples, mas muitas vezes difíceis de corresponder, pois, a vaidade de amar por vezes sufoca.
Sufoca sua liberdade, sufoca sua fome de viver,
sufoca sua vontade de ser, ser apenas ela.
Minha namorada chora e faz chorar minha alma, porque por mais amor que eu lhe dê não consigo demonstrar tanto amor que lhe tenho e mesmo que me cause dor, permito que ela vá, que ela parta porque sei, que mesmo sem ela ao meu lado, ela sempre a minha eterna namorada.

A tempestade, o anjo, eu e você


Soprava forte o vento, as árvores fortes e grandes não resistiam e dobravam-se impotentes à fúria invisível que a tudo envolvia.
Eu caminhava desorientado em busca de um abrigo, um porto seguro onde pudesse descansar o corpo surrado, suado e ferido, cansado de tanto andar sem ter onde chegar.
Procurava enxergar com os olhos entreabertos, tentava mesmo tendo a impressão de que havia um véu frente às minhas vistas, ver algo à minha frente que não fosse a escuridão que lentamente cobria a tudo e todos e que mostrava quão inútil seria tentar fugir daquela situação.
Já esgotado e sem mais forças para continuar minha busca, pensava em me render e permitir que aquele turbilhão de águas, imagens, devaneios e o desespero me levasse para onde quer que fosse.
Já tendo o corpo curvado, um dos joelhos não suportando mais o peso dobrou-se ruidosamente chocando-se contra o chão, a dor subiu por todo meu corpo, senti que aquele poderia ter sido meu último passo num caminho que acredito não tivesse escolhido trilhar, quando senti uma mão que segurou firme o meu braço.
Levantei o rosto num último esforço, já com os olhos lacrimejantes para ver quem poderia estar ali, mais uma alma errante, mais um corpo destoante da realidade triste que me envolvia. 
E como se um raio penetrasse através dos meus olhos sem brilho e quase sem vida, tive a impressão que um raio teria atingido meu coração. Fui envolvido por um calor confortante, senti meu corpo tornar-se leve, como se não mais tocasse o chão.
Me vi suspenso no ar, acima do vento e da tempestade que aos poucos minava minhas forças e como num passe de mágica, diante de mim revi toda a minha vida.
Via minhas fraquezas, meus defeitos, meus raros sucessos e inúmeros fracassos e no resumo de toda a minha miserável e curta vida, pude observar o quanto aprendi e cresci nesse tempo tão breve que me passou despercebido. Percebi o quão forte me tornei, forte o suficiente para baixar o olhar e permitir uma lágrima rolar, para reconhecer meus defeitos e o muito que tenho que aprender, forte para ouvir mais do que falar, para me calar e com um sorriso retornar as ofensas e feridas que tantos insistem em me causar, forte o suficiente para gritar uma prece que acabara de inventar e agradecer ao anjo imaginário que eu criara por me mostrar que ninguém é tão insignificante quanto se queira acreditar, forte o suficiente para aceitar que faço parte de algo muito maior e assumir a responsabilidade de tornar melhor não só a minha vida, mas a vida de todos que por algum motivo meu caminho cruzar, seja por um segundo, no sorriso de um bom dia, seja por um dia na partilha de compromissos, seja por uma semana na jornada de um trabalho, seja por um mês no trajeto diário, seja por um ano por uma missão desconhecida ou seja pela vida inteira para a maravilhosa odisséia de descobrir o universo de quem está ao lado.

(Texto escrito em 04/12/03)



Simples sentido


De repente uma nova emoção me faz dar à vida um sentido diferente. Sigo a esmo pelos caminhos que as circunstâncias de atos impensados me levaram um dia.
Relembro em cada esquina os momentos ali vividos, decisões ora tomadas. Relembro e penso seriamente nas palavras que alguém com boas intenções me disse em algum momento em que nos encontramos apenas pela conveniência de não estarmos sozinhos.
Porém, por essa conveniência toda uma vida se transformou e ainda se transforma.
Finjo acreditar nos devaneios que em minha mente circulam sem sentidos, na tentativa de sentir meus sentidos se perderem em dispersas direções e o faço apenas por diversão, pois tudo agora, apesar de uma suave sensação de confusão que invade meu ser, tudo parece tão claro, como jamais pareceu.
Olho ao redor e tudo o que vejo é aquilo que quis acreditar estar vendo, mas que se mostram tão diferentes agora e apesar de ver as mesmas coisas de sempre, nunca me pareceram tão claras e reais como nesse momento.
Me esforço para colocar novamente na frente dos meus olhos a fumaça turva que distorcia a imagem que fazia de mim. Mas em vão, não se pode apagar aquilo que de alguma forma ficou gravado em um ser. Nada volta a ser o que era, depois de experimentar algo nunca experimentado.
A satisfação e uma alegria, que antes eram fingidas por mim e que no mais profundo da minha consciência eu sabia que não existir. Hoje flui e vibra por todo meu ser.
O mundo que me cerca, nada tem do mundo que me cercou. Faço questão de esquecer tudo aquilo que queria negar e insisto em lembrar que meu corpo não está mais cansado, minha mente não está mais exausta e que não devo adormecer para alimentar meu torpor e acordar depois querendo acreditar que esta reflexão foi só mais um sonho de uma vida embriagada.
E hoje eu sei, que ainda que transcorra o tempo, que caia incessante a chuva, que sopre furioso e incansável o vento, que o sol queime em toda tua intensidade.
Ainda que com a razão eu seja impiedosamente repreendido.
Que com as melhores das intenções irremediavelmente injustiçado.
Eu sei que o tempo continuará a correr sem se importar.
A chuva cairá forte ou suave sem se preocupar se suas gotas farão arder as feridas.
O vento em algum momento soprará menos furioso, mas, não levará a minha dor e nem minha vergonha.
O sol por vezes se esconderá, mas não deixará de queimar minha face no novo amanhecer.
Lembro-me:
Nada mudará se eu apenas lamentar e planejar, o tempo passará, a chuva cairá, o vento soprará e o sol continuará a brilhar, então, levanto minha face, apaziguo meu coração, suavizo meu semblante e encaro a vida com tudo o que ela me oferece para viver.

(Texto escrito em 17/07/2006)

Eu tento, por você


Eu tento, tenho tentado e me esforçado em mudar. Não tento mudar quem sou ou deixar de ser quem sou, apenas tento mudar aquilo que em mim não é forte, aquilo que em mim já me feriu demais e sempre machucou.
Eu tento superar aquilo tudo que sempre tem me limitado, tento viver e realizar tudo o que um dia meu coração sonhou, tento superar minhas resistências, minhas limitações e meus medos, tento te agradar com gestos, palavras e em meus olhos te fazer ver o novo eu que minha alma se tornou.
Danço músicas sem jamais ter dançado, admito fraquezas que nem diante do espelho me atrevia em momento algum aceitar que existiam em mim. Aceito a mentira em que sempre vivi, me enganando e me escondendo em personagens de histórias sem fins.
E eu ainda tento, como sempre tentei desde o início te oferecer e viver com você o melhor de mim, mesmo quando sempre soube que não consegues ver o bom em mim e ainda que se esforce para vê-lo, não consigo te dar segurança para nele acreditar.
Mas, acredite, me esforço, vou além do que eu jamais pensei que poderia ir, mudei sonhos, planos, jeitos e trejeitos apenas para que percebesse que tenho tentado e tento te mostrar que não sou o menino sonhador que imagina que eu ainda sou.
Sei que estou muito aquém do homem que talvez busque para viver, mas, eu tento ser melhor a cada dia, para estar à tua altura e poder de olhos voltados ao horizonte caminhar lado a lado com você.
Eu tento e confesso que às vezes me faltam forças, que penso em desistir, que não sou ideal para você, mas o coração não deixa, não aceita e então reúno minhas forças, engulo meu orgulho e faço aquilo que acredito seja o mais difícil para alguém, que é aceitar e admitir que há muito a ser melhorado, aceitar que não é quem acredita ser, acreditar que muito tem que crescer e deixar de lado elogios educados e gentis para aceitar a crítica e retirada das máscaras atrás das quais sempre me escondi,
pois, somente assim poderei deixar de tentar e definitivamente conseguir me tornar alguém que possa te fazer confiar mim e sem medos se entregar.

Vou




Vou e as tuas loucuras e insanos desejos contemplarei, viverei intensamente cada carinho violento cheio de ternura e anseios a ti dedicados.

Passearei em teu corpo como se este fosse propriedade minha e para mim sempre esteve aberto, entregue, submerso em pensamentos para que eu o despertasse para aquilo que jamais viveu.

Vou, vou logo, rápido, agora.

Vou sem pensar na hora, no tempo ou contra-tempos, vou apenas para te ter, sentir, saborear e desfrutar de todos encantos e mistérios, de todos sonhos descabidos passíveis somente entre quatro paredes.

Saio agora, chego no instante seguinte
sedento e cheio do tesão que guardo para ti, para saciar a mim e a você, para sentir tua pele macia sob minha áspera palma,
para com toda a força que a sutileza do possuir exige estar em ti, sentir teu calor, teu suor, teu sabor.

Fazer meu aquilo que é teu, fazer nosso aquilo que jamais foi, fazer simplesmente tudo aquilo que não seja simplesmente amor...

Flor do deserto


E caminhava só, apesar de estar em meio a um grupo.
Sentia-se parte, quando parte era descontração, mas, sentia-se só quando parte era somente parte.
Quem havia, não via o melhor que ela tinha para mostrar, ao contrário, tentava em frágeis frases elaboradas destacar um pior que não existia ali.
Que a escutava, não ouvia suas melhores palavras, mas, tentavam distorcer frases contorcidas por uma dor que ela tentava não demonstrar.

Caminhava solitária às vezes em busca de lugares nada vazios, apenas sem a presença de pessoas.
Tentava se encontrar onde na verdade muitas pessoas se perdiam.
Buscava no labirinto que todos evitavam entrar o desafio de superar aquilo que a si mesma tentava se convencer que não a limitava.
Seguia por caminhos esguios, escuros e tristes quando estava sozinha e buscava nesse momento sua luz emanar.
Tentava em diversos desvios acertar o sentido de andar, não objetivando o destino, mas apenas ter ao seu redor a melhor paisagem para contemplar.

E muito já caminhou, apesar da pouca estrada andou, muito já viveu. 
Hoje se divide entre seu mundo e mundo que não é seu, busca o equilíbrio caminhando lentamente sobre a tênue linha que se chama dia, tenta não cair no desânimo da rotina, porém, luta para não se entregar no frenesi de uma nova vida.
Conflitos circundam sua mente, pensamentos aflitos invadem tua alma, e no entanto, seu sorriso não se esconde, o brilho de seu olhar não perde tua intensidade e nem a vida perde seu encanto. 

Assim, segue seu caminho, arriscando entre desvios, curvas e retas. 
Caminha sem se preocupar sob sol, chuva e neblinas, 
continua sem nada a temer a não ser o medo de ter medo de viver.
Sonha, como todos nós. Chora escondida sem expor suas lágrimas.
Sorri escancaradamente sem vergonha de ser feliz, ao menos naquele momento.

Como a flor do deserto que suporta as maiores e mais intensas intempéries, que em silêncio permanece, só, até que um suave toque consiga
penetrar além das suas resistentes barreiras e a faça desabrochar mostrando toda a beleza e essência que a protege daquilo que acredita que possa lhe fazer mal, destruir teus sonhos e o pior, eliminar tuas esperanças.

Uma lenda dos índios sioux



Conta uma lenda dos índios sioux que, certa
vez, Touro Bravo e Nuvem azul chegaram de
mãos dadas à tenda do velho feiticeiro da
tribo e pediram:
- "Nós nos amamos e vamos nos casar. Mas
nos amamos tanto que queremos um
conselho que nos garanta ficar sempre
juntos, que nos assegure estar um ao lado do
outro até a morte. Há algo que possamos
fazer?"
O velho, emocionado ao vê-los tão jovens, tão
apaixonados e tão ansiosos por uma palavra,
disse: - Há o que possa ser feito, ainda que
sejam tarefas muito difíceis.
Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao
norte da aldeia apenas com uma rede, caçar o
falcão mais vigoroso e trazê-lo aqui, com vida,
até o terceiro dia depois da lua cheia.
E tu, Touro Bravo, deves escalar a montanha
do trono; lá em cima, encontrarás a mais
brava de todas as águias. Somente com uma
rede deverás apanhá-la, trazendo-a para mim,
viva!
Os jovens se abraçaram com ternura e logo
partiram para cumprir a missão.
No dia estabelecido, na frente da tenda do
feiticeiro, os dois esperavam com as aves.
O velho tirou-as dos sacos e constatou que
eram verdadeiramente formosos exemplares
dos animais que ele tinha pedido.
E agora, o que faremos? Os jovens
perguntaram.
-Peguem as aves e amarrem uma à outra
pelos pés, com essas fitas de couro. Quando
estiverem amarradas, soltem-nas para que
voem livres.
Eles fizeram o que lhes foi ordenado e
soltaram os pássaros. A águia e o falcão
tentaram voar, mas conseguiram apenas
saltar pelo terreno.
Minutos depois, irritadas pela
impossibilidade do vôo, as aves
arremessaram-se uma contra a outra,
bicando-se até se machucar.
Então o velho disse:
-Jamais esqueçam o que estão vendo, esse é
o meu conselho. Vocês são como a águia e o
falcão. Se estiverem amarrados um ao outro,
ainda que por amor, não só viverão
arrastando-se, como também, cedo ou tarde,
começarão a machucar um ao outro.
Se quiserem que o amor entre vocês perdure,
voem juntos, mas jamais amarrados.
Libere a pessoa que você ama para que ela
possa voar com as próprias asas.
Essa é uma verdade no casamento e também
nas relações familiares, de amizades e
profissionais.
Respeite o direito das pessoas de voar rumo
ao sonho delas.
A lição principal é saber que somente livres as
pessoas são capazes de amar.
Ninguém é de ninguém. Se quiserem viver
juntos, em paz, deixem de lado o ciúme e
desconfiança.
É impossível viver bem quando não há
confiança e respeito de ambas as partes.

Autoria Desconhecida

Pelas palavras e pela saudade


E eu vivo com ela, por ela e para sempre. Às vezes até desconfio que já vivia em outras vidas e sinto na solidão do meu quarto o quanto ela faz parte de mim.
Com todos conflitos, dores e alegrias que ela me traz, mesmo quando digo não e não quero mais a vida, ainda assim, ela está comigo e passado a angústia percebo que é por ela que vivo.
Mesmo quando o grito sai do meu peito através do silêncio do meu olhar, me convenço que dela não vou escapar.
Mesmo quando lágrimas descem pela minha garganta, engolindo seco o úmido de uma emoção, ela sussurra em meus ouvidos: - Não vou deixar você me abandonar.
Então, nesse momento me convenço que não amo a ninguém além dela, que em minha vida não haverá outra a não ser ela.
Em manhãs de fúrias quando jogo para todos os lados papéis, canetas e palavras, ela permanece indiferente à minha raiva, raiva que não sei do que ou de quem e olho pelo espelho e nada vejo, mas sinto tua presença ali, parada, estática, apenas a me observar.
Saio para à rua, passos rápidos e firmes, saio decidido a não mais procurá-la, decidido que nem mesmo no meu pior momento irei novamente pensar em seu nome, no meu maior momento de dor nem mesmo assim, irei sussurrar com olhares tristes para um horizonte distante tua imagem para me acalmar.
No entanto, o vento sopra e com ele ouço seu canto, ouço sua voz dizendo que de nada adiantará, pois, ainda que eu tente deixá-la, ela não me deixará jamais. Ela assovia uma melodia para que eu entenda que ela invadiu minhas entranhas, tornou-se parte de mim e que metade da minha essência é ela e eu a metade dela.
Busco no silêncio da mata a distância de sua energia, mas encontro no roçar das folhas em meu rosto, o seu toque suave. Mergulho fundo nas águas calmas do lago que se forma após a cachoeira para não sentí-la e vejo no fundo a areia que lentamente se movimenta formando o desenho que ela deseja que minha mente crie. Volto à superfície e o rufor das águas que impacientes caem, me trazem o tamborilar dos dedos que nas madrugadas marcam o compasso das canções que neste instante juro nunca mais irei tentar compor.
Volto à margem, deito-me e permito que o sol intenso invada minha alma e tire de vez a penumbra de tantos pensamentos e sentimentos de minha essência, mas é inútil, ele apenas me aquece e me faz ter a certeza de que sempre vivi, vivo e viverei pelas palavras que selvagens como animais indomáveis correm por minhas veias, que foi, é e sempre será como os turbilhões espumantes das ondas que morrem na areia do mar quando as mais diversas emoções me dominam e as traduzo em sílabas repetidas aquilo que as palavras ditas e cantadas jamais permitirão que seja revelado.  

A missão


Ele se questionava, queria compreender exatamente o início de todo seu processo, os motivos e as motivações e sempre que perguntava as vozes diziam que ainda não era o momento de revelarem , mas que em breve chegaria esse momento e então, tudo seria compreendido. Mas, que nesse momento poderiam adiantar algumas coisas, alguns fatos e informações.
Então, começaram a dizer:
- Você vem de muito longe, vem de um plano de energia bastante distante desse aqui em que se encontra. Durante sua viagem para chegar até aqui passou por muitos outros planos e em todos eles o objetivo foi te preparar para o que está vivendo nesse momento. Há muito tempo que traz consigo a missão de ensinar as pessoas a encontrarem e acessarem novamente suas essências, ser a ponte entre o comum e o superior em cada ser. Durante todo esse longo caminho que percorreu você absorveu conhecimentos e informações, acumulou experiências e hoje está aqui para compartilhá-las com todos que fizerem parte do teu caminho. Você busca ajudar a essas pessoas e conduzí-las ao próprio mundo interior para confrontarem, compreenderem um pouco mais de suas existências e se fortalecerem para superarem os fantasmas e demônios internos que carregam limitando o verdadeiro sentido de suas existências aqui.
Mas, tem que se lembrar de que em momento algum lhe fora dado liberdade ou autoridade para decidir por elas ou mostrar-lhe as respostas que elas buscam, você está aqui para mostrar a direção, porém, o caminho são elas que terão que percorrer.
Todas as suas missões foram cumpridas dentro do que se propôs a fazer e quando aceitou a essa tinha consciência de que não seria compreendido ou correspondido em suas expectativas e anseios, porque isso cabe a você, você é quem está aqui para ensinar a compreender e corresponder e não o inverso.
A você cabe a cada dia exercitar e fortalecer em você essas características, porque são elas a demonstração da humildade e o reconhecimento do sagrado em todas as outras formas de energia que encontrou durante toda a sua viagem.
Quando te foi proposto essa missão, sabia que estaria muito próximo do seu destino e que após cumpri-la partiria para um novo grau de evolução. 
No entanto, após ter atingido seus objetivos com as duas pessoas que lhe foram postas em teu caminho, que eram os focos principais, além das demais que ainda que por pouco tempo estiveram ao teu lado na estrada e com as quais compartilhou e teve compartilhado o que era necessário para o momento, teve a sua oportunidade de partir desse plano, mas ao saber de uma outra essência que se encontrava em tão intenso e terrível conflito, percebendo que não havia uma energia que se sentisse preparada para enfrentar tal situação, uma vez que nem sempre é possível retornar de um estágio mais evoluído para auxiliar em uma esfera inferior, sendo isso uma grande prova para os que se encontra em tal nível para atingir o próximo degrau evolutivo, resolveu aceitar esse outro desafio e aqui permanecer para mais uma vez tentar levar paz interna a alguém.
Todos inclusive você tinha consciência que a aproximação com essa pessoa poderia fazer com que regredisse em tua escala evolutiva, pois, teria que enfrentar não só os demônios e fantasmas dessa pessoa, mas ela também o conduziria às profundezas de tua existência e despertaria os monstros com quem tanto já lutou e os venceu, aprisionando-os em local onde nem mesmo você se atreveria até então voltar a buscar em suas viagens internas. Você abriu mão de tua passagem, para permanecer nesse plano e compartilhar o melhor em si e tentar guiar e ajudar a essa pessoa encontrar o que há de melhor nela.
Muitos dos conhecimentos, informações e lembranças foram apagadas em sua memória para não permitir um pré julgamento ou mesmo que isso influenciasse suas decisões, uma vez que esse desafio, mais do que qualquer outro que já tenha vivido iria ajudá-lo a fortalecer em você as virtudes que foram a razão de suas últimas missões.
Porém, cada situação, cada fato, cada pessoa que encontrou no decorrer do seu caminho tiveram seus papéis, cada qual deu sua contribuição para prepará-lo para esse momento e estivemos o tempo todo ao teu lado, acompanhando e observando.
Você silenciou, quando tinha que silenciar. Se ausentou, quando foi preciso se ausentar e mergulhou no mais profundo em si em busca dos demônios que havia trancado, para fortalecer-se contra os demônios daquela que tentava ajudar.
E agora, o que temos que te dizer é que está próximo o momento de sua partida. 
Você fez sua parte e ela fez a escolha. Como você não tem autoridade para influenciar, apesar de ter o poder para isso, nenhuma forma de energia tem o direito de interferir no livre arbítrio de outra existência, então, fique em paz consigo, considere sua missão cumprida e prepare-se para seguir o teu caminho.

Acredite, houve um tempo


E houve um tempo em que tudo o que queria era apenas viver, sonhava com tudo aquilo que apesar de para muitos ser o mais impossível dos possíveis sonhos, era para mim o mais provável das improbabilidades.
Não me importava com minhas caretas quando caminhava sozinho, nem quando absorto em meus pensamentos conversava com amigos que ninguém via.
Não me incomodava em simplesmente abrir um sorriso por algo absolutamente sem sentido que me invadia a mente.
Houve um tempo em que independente da distância que eu teria que percorrer, nada era longe demais se eu realmente quisesse chegar, não havia tempo demorado, havia apenas o tempo, aliás, nem o tempo havia, existia apenas o dia que era iluminado pelo sol ardente e maravilhoso e que eu adorava olhar diretamente em seus olhos para depois olhar em uma parede branca e ver manchas espalhadas e distorcidas, é eu sei, é verdade que por isso ainda hoje vejo manchas mesmo sem olhar para ele, mas eu adorava e me divertia com isso e haviam também a lua e as estrelas que me avisavam que logo seria hora de voltar para casa e eu me divertia no caminho escuro que percorria brincando com as estrelas e as comparando com os vaga-lumes que salpicavam a trilha estreita ladeada por capim gordura que me cortavam as pernas.
Isso não me incomodavam, ao contrário me divertia e por muitas vezes tropeçava em alguma tosseira e caia de cara quando tentava dar um passo mais largo no intuito de pegar em minha pequena mão um daqueles pirilampos.
Houve um tempo em que eu brincava embaixo da água no chuveiro sem me preocupar com o tempo e o consumo que aquilo poderia significar, apenas, entrava, me ensaboava e a espuma era motivo de mil e uma brincadeiras.
Ah! Houve um tempo, acredite, houve mesmo aquele tempo em que eu apenas acordava pela manhã e a única preocupação era com o que ou de que iria brincar quando ganhasse a rua depois do café, café da manhã sem luxo, apenas um leite fervido na velha leiteira de alumínio com o café que deixava sua fumaça sair pelo bico da cafeteira estreita e amassada, cheias de marcas do tempo e do uso a minha frente, aquele pãozinho que na época era saboroso, ainda lembro o sabor de sua massa quando fecho os olhos, a margarina que derretia, porque o pãozinho chegava quentinho em casa, não tinha mais nada, era só isso e depois, rua.
E na rua, brincava de pega-pega, policia e ladrão, esconde-esconde, pula-sela, rodava pião, soltava pipa, descia a ladeira de carrinho de rolemã, andava de bicicleta, jogava futebol no campinho de terra onde no fundo tinha um riachinho, a água não encobria os tornozelos, mas era o suficiente para brincarmos de jogar um ao outro na água e depois brincar com a argila que tinha nas margens, fazia bonequinhos que depois eram quebrados apenas para rirmos de um ato tão inútil.
É... Houve um tempo... E há um tempo.
O tempo que há é o tempo de lembrar aquele que houve, é tempo de resgatar os sonhos impossíveis, a superação das distâncias tantas vezes utilizadas como pretextos para justificar a própria preguiça de fazer algo que não se quer muito fazer. Há o tempo de esquecer o relógio, esquecer a divisão quase exata do que chamamos de dia e vivermos apenas o tempo que se apresenta, sem carregar demais as pedras de outrora e nem as plumas do um tempo que ainda não há. 
Eis o tempo em que mesmo sem olhar diretamente para o sol, como antes, vê-lo e sentí-lo em toda sua intensidade, alimentar a alma e o espírito com tua força e apagar as manchas que ainda possam se mostrar diante de nossos olhos, eis o tempo de olharmos para a lua e permitirmos ser astronautas e viajar ao seu redor, buscar e passear no dragão desenhado em suas crateras, conhecer as estrelas e tentar apanhá-las como vaga-lumes em campo escuro.
Eis o tempo de sentar diante da mesa farta e se fartar do que realmente gosta, não comer só porque alguém na tv disse que é importante, bonito, gostoso ou faz bem. O que faz bem é aquilo que realmente gostamos.
Eis o tempo de novamente ser criança, libertar o gênio, o artista, o músico e o poeta adormecido, é tempo de criar novos brinquedos e brincadeiras, de ser novamente livre de si mesmo.
Tempo de seguir a estrada sem pensar na distância, sem preocupação com o tempo.
É tempo apenas de viver, viver de verdade e não de mentirinha como quando era criança e sonhava com a impossibilidade de ser adulto. 

O mal em mim


E eu quero apenas que me olhe, menina. Olhe apenas para aquilo que tenho de bom, porque, defeitos todos temos e não temos que nos apoiar neles para alimentar o amor.
E um dia todos escorregamos e cometemos algum erro e sem querer machucamos aqueles que amamos.
E agora quero apenas dizer, que o meu erro é amar demais e não ter medo e nem vergonha de demonstrar isso. 
Há tantas pessoas à nossa volta o tempo todo e esquecemos de dar atenção a quem realmente importa.
Todos nós precisamos de alguém para amar e para que nos amem também, mas, nem por isso temos que deixar de ser quem somos.
O verdadeiro amor consiste em sermos aquilo que nos faça sentirmos bem e que nos permita oferecer a quem está ao nosso lado, mas isso não significa que não erraremos.
Não posso prometer que tudo será eterno, que não haverá tempestades no horizonte azul que juntos pintamos no quadro do nosso horizonte, mas, posso prometer que mesmo quando eu errar será com a intenção de te agradar.
Infelizmente nem tudo o que espera de mim sou capaz de adivinhar e mesmo quando me diz, nem sempre consigo compreender.
Não sou tão mal, menina, que não seja capaz de amar e muitas vezes nas más atitudes estou apenas pedindo que me ajude a acertar, que me ensine a fazer direito aquilo que muitas vezes não faço do jeito que você gostaria que eu fizesse.
E assim sigo os meus dias, pensando e desejando fazer o melhor sempre, mas nesse caminho erro o passo e às vezes ando depressa demais, outras devagar demais e por mais que me esforce, acontece de eu não conseguir acompanhar o seu ritmo.
Não quero deixar de ser seu amigo e também não quero ser somente isso, quer conseguir ser para você aquilo que sempre desejou que alguém fosse e jamais conseguiu, quero preencher vazios que nem mesmo você sabia existir, quero criar em você aquilo que um dia decidiu não permitir existir.
Quero apenas que olhe nos meus olhos e veja além dessas pálpebras cansadas e retinas desgastadas por tantas dores já presenciadas, quero que me ajude a encontrar lá no fundo do meu ser a alegria verdadeira que é mais intensa do que o meu sorriso mais sincero quando não estou com você.
Não sou tão mal, nem tão bom também, sou apenas um homem querendo insistir no sonho de ser criança para amar apenas o bom em você e com um sorriso tímido que ame também o mal que há em mim.
                                                          Karl Mot

Conhecer uma mulher




Conhecer uma mulher é como fazer a primeira viagem para um lugar que jamais estivera. 
Perde o melhor dessa encantadora viagem, aquele que se preocupa somente com o destino, sem se atentar aos pequenos e valiosos detalhes do percurso. 
Perde, aquele que não contempla a intensidade da luz no brilho do seu olhar devido a um simples gesto de carinho. 
Perde, aquele que não se esforça em provocar nela um sorriso tímido pelo mais tolo motivo e perceber nos lábios que se abrem a beleza da sua essência. 
Perde, aquele que fecha seus olhos para dormir enquanto evita ser embalado pelas palavras que para ela é tão importante dizer, mas, mais ainda, é fundamental ser ouvida, pois, por mais corriqueiro que seja o assunto, é uma forma dela dizer que gosta da sua companhia e quer te agradar. 
Conhecer uma mulher é a mais bela e encantadora viagem que um homem pode fazer em sua vida. Cada qual com suas belezas, encantos e mistérios. Cada qual uma infinidade de conhecimento, sabedoria e descobertas. 
Ganha, aquele que se atrever ir além do caminho por outros percorridos, aquele que tem a coragem de fazer de forma diferente aquilo que todos fazem ou fizeram sempre igual. Ganha, aquele que tem a sensibilidade de expressar o que sente e buscar descobrir e compreender aquilo que ela sente. 
Conhecer uma mulher é conhecer a si próprio no mais próximo da emoção e sentimentos que envolve um ser humano. Conhecer uma mulher é estar naquele lugar mágico, que somente alguns tem o privilégio e o prazer de estar, ainda que esta estada dure somente alguns segundos. Conhecer uma mulher exige do homem, mais do que hombridade, exige sentimento, não o sentimento eterno de juras vagas que são levadas com o tempo, mas o sentimento verdadeiro, sincero e intenso da entrega plena no momento em que se abre diante de ti a passagem para o paraíso. 
Conhecer uma mulher é contemplar a paisagem em volta do caminho em cada seu novo amanhecer, em cada seu velho anoitecer e dar a cada novo sol um brilho mais intenso que o de ontem, em cada nova lua a delicadeza do sussurro das palavras doces fugidias no afã do último momento e ver em cada nova estrela o brilho refletido daquela, ainda que somente naquele instante, fora sua amada. Conhecer uma mulher é entregar-se sem medos, receios, valore ou pudores para aquela que poderá a partir daquele momento, segurar entre as mãos seu coração.                                                     
                                                                   Karl Mot

Próximo do novo ciclo


E de repente eu a sinto aproximar-se, não sei ao certo como acontecerá, mas sinto bem próxima a mim.
Já faz um tempo que uma pressa incomum em simplesmente e apenas viver tem me invadido, como se o meu tempo aqui já n
ão fosse mais o quanto eu imaginei que seria.
Isso não me assusta e nem me causa medo, ao contrário, isso me traz uma paz interna e uma tranqüilidade que jamais senti.
É como se eu passasse a compreender o que realmente importa e tudo aquilo que me preocupei até agora fosse tão desnecessário, quanto tentar engolir o vento para saciar a fome.
Não consigo compreender os motivos e nem os porquês do portador da derradeira mensagem, mas também não pretendo questionar o sentido disso tudo.
Desde que a sensação da busca pela simples arte de viver tem me perseguido, tenho visto a beleza das mais simples e corriqueiras cenas do cotidiano.
O céu, durante a noite tem muito mais estrelas do que jamais pude perceber e elas nunca cintilaram com tanta intensidade.
A lua nunca me deu a impressão de estar tão próxima de mim.
Quando é dia, o azul nunca foi tão límpido e as nuvens nunca tiveram tão definidas formas, o vento jamais soprou da forma como o sinto hoje, como um carinho da vida e um afago do universo em minha essência.
As árvores nunca me foram tão belas e seus verdes nunca me pareceram tão limpos.
Enquanto olho pela janela do ônibus, nunca observei com tamanha definição os detalhes das sombras disformes que passam rentes e apressadas ao meu lado.
Em ribeirões que antes se mostravam apenas como córregos sujos, hoje, vejo nas manhãs frias belos riachos, com discreta névoa branca que se forma com o nascer do sol quando suas águas são aquecidas pelos seus raios.
Goiabeiras, que na minha infância eram tão comuns, hoje tomam lindas formas em seus troncos lisos e descascados, com suas folhas que se embalam no vento como se dançassem a última canção antes do ocaso final.
E assim meus dias me dão a sensação de que seja sempre o último, cada hora se mostra como se eu não fosse viver a próxima e cada segundo é tão intenso como se fosse o meu primeiro nesse plano.
Não temo, não sofro e não lamento, apenas vivo a pressa de viver e agradeço no mais verdadeiro de minha essência as oportunidades e a cada pessoa que tive o prazer de compartilhar e desfrutar de suas companhias. 

Acaso intencional


Estamos aqui, somente nós dois. Não há sons, ruídos ou qualquer outro sinal de vida além das nossas.
Apesar de sabermos que a vida continua lá fora, gostamos de nos enganar acreditando que o mundo parou para assistir esse nosso momento.
A energia elétrica se foi e improvisamos com tocos de velas, que durante tantos anos ficaram esquecidos na velha gaveta do novo móvel que comprei dias atrás. A luz é fraca e tremulante, mas, o suficiente para que possamos perceber o brilho em nossos olhares e observarmos as camisetas que se movimentam ritmicamente acompanhando as respirações ofegantes que tentamos disfarçar.
Quase é possível ouvirmos as batidas dos nossos corações acelerados dentro peito e ainda assim, tentamos esconder de nós o desejo gritante de nos entregarmos.
Nada fora planejado, isso é um feliz presente do universo, um acaso provocado intencionalmente por nós dois.
Nos encontramos quando caminhávamos e de repente uma chuva torrencial despencou quando chegávamos próximos da minha casa, a convidei para entrar e esperar que a chuva passasse, já com todas as boas más intenções na mente e por todo o meu corpo que não resistiu ao ver seu corpo esguio molhado, mostrando a silhueta que por tantas vezes imaginei envolvida por meus braços e tomada como minha pelo meu corpo.
Você, agora me diz que também desejou esse momento, não por mim, não comigo, mas pela situação e circunstância que a excitou, seria o momento pelo momento, o prazer pelo prazer, a realização de uma fantasia, pela simples fantasia de realizar um sonho. 
E no momento que lhe apresentava uma toalha para que se secasse, as luzes se apagaram, o som que tocava incessante que deixei ligado cessou, a penumbra, o silêncio, me lembrei das velas e agora te vejo, parada bem diante de mim.
Você segura a toalha, não sabe exatamente o que fazer, ou sabe, não sei.
Te olho, te sinto, tento invadir seus pequenos olhos negros na esperança de decifrar o que eu devo fazer, se devo fazer, e simplesmente faço e que se dane se não fosse para ter feito.
Abraço tua cintura, a trago para junto do meu corpo, te beijo tão intensamente como se jamais pudesse separar minha boca da sua, sinto tua língua macia e morna deslizar pela minha, sinto teus lábios macios envolverem os meus para em seguida eu devorar e sugar os seus, mordo suavemente seu lábio inferior, afasto-me e lentamente levanto tua camisa ainda pingando as águas da chuva que nos surpreendeu, percebo que seu frágil corpo treme, já não sei se de frio ou de desejo, me encanto quando teus cabelos se soltam e pesadamente caem sobre teus ombros. 
Você com jeito tímido me olha como que se quisesse esconder o rosto, porém, não demonstra reação contra a minha vontade. Laço minhas mãos por trás de suas costas, com as mãos espalmadas te envolvo para que se aqueça no calor do meu desejo, sutilmente liberto teus seios daquele que limita tua tão ofegante respiração, nesse instante ouço você inspirar profundamente e em seguida sinto o ar quente que escapa por sua boca entre aberta. 
Sinto então, tuas mãos que deslizam em minhas costas trazendo para cima minha camiseta também molhada, em pouco tempo, nossos corpos nus se encontram, não se separam, se sentem, se exploram, se doam às nossas mãos que inquietas vasculham os espaços, não param, nossas bocas não se separam e quando o fazem, sentimos nossas línguas que passeiam pelos cantos, faces, pescoços e peitos. 
Braços que se entrelaçam, pernas que se cruzam, almas que se encontram.
Jogamos para o lado, junto com as toalhas, os valores, pudores, medos e receios.
Sussurramos que não nos amaremos, gememos que não nos apaixonaremos, prometemos apenas viver o momento.
Você ali deitada, os traços de sua sombra modificando a linha do horizonte do meu quarto.
Os peitos nus, rijos, pelos arrepiados, o movimento preciso e incerto de sua respiração, seus pés pequenos que se esfregavam, suas pernas que gradualmente ganhavam volume a medida que meus olhos subiam percorrendo lentamente tão belo caminho, o paraíso a ser explorado e desvendado por mim que se mostrava em moreno e pálido tom. 
Eu a admirava em cada centímetro de tua existência, saciava primeiro meu ego e minha alma antes de consumir a sua.
Lanço-me aos seus pés, deixo meus lábios sedentos saborearem o doce sal do teu suor, subo o caminho percorrido por vidrados olhos instantes atrás, sugo e sacio a sede de teu mel, sem pressa, porém com tamanha vontade que me falta o fôlego, entre minhas mãos, teu pequeno corpo se contorce, melodias indecifráveis invadem o sólido silêncio que havia até então, continuo meu passeio em direção aos picos tão almejados, roçando lentamente meus lábios e minha face em tão macia tez , seguro teu corpo com a mesma firmeza com que retiro as pétalas de uma flor, detenho-me diante de tua face, quero que veja o que há além do brilho dos meus olhos e quero que peça para que eu entre e invada tua alma, que eu descubra e desperte a mulher há tanto adormecida que você sempre soube existir, mas que jamais conseguirá fazê-la vir à superfície. 
Invado o sagrado espaço levando o profano das carnes às almas não tão puras, mas jamais tão cruelmente violada, sussurro palavras antes não ouvidas por você e jamais ditas por mim.
Te mostro novos caminhos e sensações, te apresento o que até então era distante para ti, te faço perceber que além do corpo há muito mais a ser descoberto e explorado.
O silêncio já não existe, os móveis marcam o compasso da melodia em desarmonia que invade a casa, já não há escuridão, mas também não há luz, há apenas a energia que surge em nossos corpos iluminando o que está a nossa volta, porém, nada há mais à nossa volta, estamos mergulhados em um espaço além do que podemos reconhecer, sentimos, vivemos e nos entregamos nesse momento.
Como felina você se posiciona a minha frente, olha-me por sobre o ombro e implora por meu ataque, te invado a alma, o corpo e espaços jamais tocados, levo-te a novas e únicas emoções, seus ganidos me incitam a atacá-la ainda mais, suas unhas firmes enrugam o lenços já úmido de nossos suores que impregnam nossos corpos, tecidos e o ar.
Então, vira-se para mim, teus lábios buscam o meu, percorrem meu corpo no sentido inverso em que percorri o seu, sinto-os deslizarem suavemente por mim enroscando de vez em quanto teus dentes em minha pele, sinto o toque umedecido e quente no músculo que brutalmente se atreveu te fazer sentir o que antes era apenas um desejo, deixo-me cair de costas no colchão já cansado e me torno então o seu brinquedo. 
Olho para teu rosto e já não é mais a menina frágil, de corpo esguio e olhar tímido de momentos antes, você se tornou a mulher antes adormecida, libertou aquela que há muito pedia para se mostrar e sinto teu corpo pesar sobre o meu, olho para você que com as mãos apoiadas em meu tronco esboça um sorriso que jamais havia visto, levanto minhas mãos para alcançar teus ombro, as deixo caírem até sua cintura, acompanho teu movimento frenético, tento te acompanhar nesses passos dessa dança frenética, minhas mãos brincam enquanto a vejo realizar-se, criando, mudando e fazendo movimentos que fazem meu corpo estremecer, contorcer e inflar como se a matéria não pudesse conter a energia que pulsa em mim.
De repente seu movimento se torna mais leve, suave, terno... Levanta-se um pouco e vira-se, acaricio então tuas costas, onde gotas de suor escorrem, posso sentir toda tua pele umedecida, posso ver o brilho da fraca luz das velas se refletirem nela.
Seus movimentos vão se intensificando, gemidos, gritos, ganidos, sussurros, pedidos, palavras ou apenas sons, já não se definem, não se fazem entender, apenas nossos semi tons descompassados até o urro final... 
Músculos contraídos, corpos contorcidos, mentes entorpecidas, respirações falhas e batimentos imprecisos.
Teu corpo tomba inerte sobre o meu, nos sentimos, há somente um corpo sobre o outro, somente dois corpos extenuados por não se amarem, não se apaixonarem, por simplesmente viverem a oportunidade do momento.
As luzes voltam, o ambiente é tomado pelo som da música que foi interrompida, o barulho da chuva cessou.
Nos levantamos, você se veste, me dá um beijo, esboça um sorriso com o olhar tímido e diz adeus.
Eu já não sou o mesmo de quando chegamos e você jamais será a mesma depois que partiu.