Ainda lembro quando tudo começou, lembro da sensação maravilhosa que era sentir a vida germinando.
Lembro do momento mágico de quando foi trazido ao mundo, lembro do sonhos que me povoaram a mente quando ouvi o som da sua voz naqueles primeiros segundos fora de mim.
Lembro de você crescendo, seus sorrisos, suas lágrimas e suas brincadeiras, lembro dos nossos momentos de alegria, nossas discussões por causas de suas teimosias, lembro dos seus primeiros problemas e como eu o ajudei a resolvê-los, mas também me lembro daqueles que aprendeu a resolver sozinho.
Mas o tempo impiedoso e insensível passou, os meus sonhos e planos se transformaram, como você também se transformou. Aquilo que eu havia tanto desejado para nós, não era mais e tive que me adaptar a uma nova realidade sem você, sem você ao meu lado.
E você cresceu, de certa forma descobriu e aprendeu o que quer para si, desenvolveu sua própria personalidade, suas vontades e desejos e me assustei com isso. Quando percebi que você não era mais o menino que segurava minha mão para caminhar, vi que eu precisava da sua para eu continuar caminhando.
Talvez por esse medo nossas opiniões se divergem e isso é bom, porque podemos conversar e discutir, não mais somente como mãe e filho, mas principalmente como amigos.
Me desculpe se a primeiro momento não o entendi, como disse pensei que não havia crescido para mim, ledo engano de amor de uma mãe e todas suas imperfeições. Hoje aprendi que os erros e defeitos fazem parte da dança, mas não são a dança em si.
Confesso que admiro o fato de pensar por si, ainda que me assuste o fato de não precisar mais de mim. Mas peço que perceba o seu jeito em mim, assim como percebo parte de mim em você. Afinal somos parte e complemento um do outro, ainda que cada qual viva sua vida.
Espero que possamos sempre discutir nossas diferenças e nos encontrarmos em nossas diversidades e nos respeitando mais do que mãe e filho, mais do que amigos, mas principalmente como seres humanos ligados por um eterno vínculo.
(Texto escrito em maio/2008 a pedido de uma amiga para entregar junto com um presente para um dos filhos com quem as diferenças se mostravam mais presentes do que as afinidades)
Karl Mot
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