O silêncio aos poucos domina os gritos que antes saiam agoniados de um coração sufocado.
Aquilo que era certeza até a pouco torna-se a mais cruel das dúvidas.
Um sofrimento ambíguo toma conta do ser.
Um salto para um mundo desconhecido, assustador e tão misterioso que torna excitante o mais simples devaneio em torno de um possível futuro.
A mudança fatidicamente trará lágrimas e dor, pois, toda corrente que se quebra e todos laços que se desfazem trazem o sentimento de perda que faz parte do orgulho e egoísmo que inutilmente alimentamos nossos egos.
O medo do novo, a saudade do velho que ainda não envelheceu, as dúvidas, as certezas, os sentimentos e os devaneios giram e rodopiam dentro de um ser já castigado de tanto ser jogado de um lado para o outro em deriva no mar dos sentimentos até esse instante vividos.
O grito que pede por liberdade quebra o silêncio já agonizante, as dúvidas tornam-se certezas a cada passo, a cada ilusão de conquista, a ambiguidade dos sentimentos se tornam referências inconsistentes em falsos sentidos em que segue os atos e seus passos.
O salto, o degrau acredita ter galgado, mais um passo em falso.
O desconhecido já não assusta, o futuro já é presente.
A mudança já quase rotina, lágrimas já não há e dor somente quando se permite sentir.
Os laços desfeitos tornaram-se eternos nós, o egoísmo sem sentido demonstra o quanto se fez por mero orgulho e vaidade.
O silêncio invade seus ouvidos, os sons abafam-se gradualmente, a escuridão cresce como o luar que nasce no horizonte em uma noite sem estrelas, e os sentidos e certezas se mostram vãos diante de tudo que abandonou em busca de ser apenas o que se era.
Amores incompreendidos, paixões tão intensas quanto o tempo que durava a noite, aventuras, entregas e no fundo a certeza que carregara desde o início, sua vida acabara-se quando começou a vivê-la sendo o que realmente era, alguém que apenas sonhava.
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