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Acredite, houve um tempo


E houve um tempo em que tudo o que queria era apenas viver, sonhava com tudo aquilo que apesar de para muitos ser o mais impossível dos possíveis sonhos, era para mim o mais provável das improbabilidades.
Não me importava com minhas caretas quando caminhava sozinho, nem quando absorto em meus pensamentos conversava com amigos que ninguém via.
Não me incomodava em simplesmente abrir um sorriso por algo absolutamente sem sentido que me invadia a mente.
Houve um tempo em que independente da distância que eu teria que percorrer, nada era longe demais se eu realmente quisesse chegar, não havia tempo demorado, havia apenas o tempo, aliás, nem o tempo havia, existia apenas o dia que era iluminado pelo sol ardente e maravilhoso e que eu adorava olhar diretamente em seus olhos para depois olhar em uma parede branca e ver manchas espalhadas e distorcidas, é eu sei, é verdade que por isso ainda hoje vejo manchas mesmo sem olhar para ele, mas eu adorava e me divertia com isso e haviam também a lua e as estrelas que me avisavam que logo seria hora de voltar para casa e eu me divertia no caminho escuro que percorria brincando com as estrelas e as comparando com os vaga-lumes que salpicavam a trilha estreita ladeada por capim gordura que me cortavam as pernas.
Isso não me incomodavam, ao contrário me divertia e por muitas vezes tropeçava em alguma tosseira e caia de cara quando tentava dar um passo mais largo no intuito de pegar em minha pequena mão um daqueles pirilampos.
Houve um tempo em que eu brincava embaixo da água no chuveiro sem me preocupar com o tempo e o consumo que aquilo poderia significar, apenas, entrava, me ensaboava e a espuma era motivo de mil e uma brincadeiras.
Ah! Houve um tempo, acredite, houve mesmo aquele tempo em que eu apenas acordava pela manhã e a única preocupação era com o que ou de que iria brincar quando ganhasse a rua depois do café, café da manhã sem luxo, apenas um leite fervido na velha leiteira de alumínio com o café que deixava sua fumaça sair pelo bico da cafeteira estreita e amassada, cheias de marcas do tempo e do uso a minha frente, aquele pãozinho que na época era saboroso, ainda lembro o sabor de sua massa quando fecho os olhos, a margarina que derretia, porque o pãozinho chegava quentinho em casa, não tinha mais nada, era só isso e depois, rua.
E na rua, brincava de pega-pega, policia e ladrão, esconde-esconde, pula-sela, rodava pião, soltava pipa, descia a ladeira de carrinho de rolemã, andava de bicicleta, jogava futebol no campinho de terra onde no fundo tinha um riachinho, a água não encobria os tornozelos, mas era o suficiente para brincarmos de jogar um ao outro na água e depois brincar com a argila que tinha nas margens, fazia bonequinhos que depois eram quebrados apenas para rirmos de um ato tão inútil.
É... Houve um tempo... E há um tempo.
O tempo que há é o tempo de lembrar aquele que houve, é tempo de resgatar os sonhos impossíveis, a superação das distâncias tantas vezes utilizadas como pretextos para justificar a própria preguiça de fazer algo que não se quer muito fazer. Há o tempo de esquecer o relógio, esquecer a divisão quase exata do que chamamos de dia e vivermos apenas o tempo que se apresenta, sem carregar demais as pedras de outrora e nem as plumas do um tempo que ainda não há. 
Eis o tempo em que mesmo sem olhar diretamente para o sol, como antes, vê-lo e sentí-lo em toda sua intensidade, alimentar a alma e o espírito com tua força e apagar as manchas que ainda possam se mostrar diante de nossos olhos, eis o tempo de olharmos para a lua e permitirmos ser astronautas e viajar ao seu redor, buscar e passear no dragão desenhado em suas crateras, conhecer as estrelas e tentar apanhá-las como vaga-lumes em campo escuro.
Eis o tempo de sentar diante da mesa farta e se fartar do que realmente gosta, não comer só porque alguém na tv disse que é importante, bonito, gostoso ou faz bem. O que faz bem é aquilo que realmente gostamos.
Eis o tempo de novamente ser criança, libertar o gênio, o artista, o músico e o poeta adormecido, é tempo de criar novos brinquedos e brincadeiras, de ser novamente livre de si mesmo.
Tempo de seguir a estrada sem pensar na distância, sem preocupação com o tempo.
É tempo apenas de viver, viver de verdade e não de mentirinha como quando era criança e sonhava com a impossibilidade de ser adulto. 

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