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Os ponteiros


Mais uma vez está entardecendo, as pessoas caminham apressadas sem saber exatamente o motivo. Algumas, estão a caminho de casa após outro dia de trabalho, querem descansar, correm, mas buscam o descanso em seus lares ou um refúgio daquilo que se deparam todos os dias? Não seria em suas casas que encontram o tempo necessário para se depararem com seus maiores temores? Frustrações? Dores?
Enquanto isso, outras estão ansiosas e empolgadas por perceber uma noite a mais, uma chance a mais para talvez mudar aquilo que sentem. Vêem na noite a possibilidade de muitas coisas acontecerem, a chance de preencherem o tão intenso e profundo vazio com que convive há muitos anos, sonham com a possibilidade de encontrar alguém que preencha a carência que está além do corpo, mas muito aquém da compreensão da alma. E ainda que o neguem para outros e lutam para negarem a si, sabem que o que procuram não é nada além de um corpo que possa fazê-las sonhar por algumas horas, de que esse tempo poderá ser eterno.
Meus olhos sorrateiramente passeiam pelos rostos cansados que dando a impressão de não haver vida neles, seguem seus cursos, me parece que ainda que esses corpos tivessem os olhos vendados seguiriam o caminho sem ao menos tropeçarem, sabem o caminho tantas vezes percorrido com a impressão de que ele fora traçado de forma definitiva, não podendo ser mudado.
Os olhos atentos das adolescentes, intensas em esperanças, chispam em faiscantes olhares inquietos e curiosos em todas as direções, e depois seguem levando na face, ainda sem marcas do tempo e da vida, um sorriso que mostra o findar da ingenuidade.
Passo mais uma vez meus olhos pelos ponteiros de um relógio vulgar pendurado em um canto esquecido do estabelecimento, como por descaso parece ter parado neste instante. Olho atento por alguns instantes o relógio e não sei porque, mas tenho a impressão de que os segundos e o minuto se estenderam um pouco mais.
Levanto meu olhar para a rua e não há mais ninguém dos que estavam ali há tão pouco tempo. Os que estão ali são outras pessoas, mas me parecem ter as mesma expressões, olhares, sonhos e angústias. Olho ao meu redor, nas mesas, no balcão, ninguém se dá conta de que estou a observá-los, aguço minha audição e ouço a conversa de um grupo de rapazes ao lado. Falavam de garotas com quem haviam programado algo para o fim de semana, dado o recado fez-se o silêncio, um gole na cerveja aparentemente já quente, quando pensei que se iniciaria um novo assunto enquanto se entreolhavam e depois como que combinado olhavam juntos em uma mesma direção para fora do estabelecimento, nada acontecia. O silêncio entre eles parecia ter um peso quase insuportável e o que parecia para mim uma eternidade, não durara mais do que um minuto.
Nesse momento, um homem de aproximadamente 40 anos, alto, grisalho nos poucos cabelos que lhe restam, barba curta no mesmo tom cinzento, traz sob um dos braços um jornal enrolado, senta-se na última a mesa a direita do salão, no canto e sem lançar um olhar em pouco sobre sua mesa está posto um copo pela metade com alguma bebida destilada, ao lado um copo tulipa quase até a borda com a cerveja tirada da garrafa pousada a sua frente. Inicia sua leitura, em pouco tempo, percebo que já não está mais ali, a forma como se dispões informar-se já não é mais prestígio mas prazer, satisfação.
Novamente a percepção do tempo, tenho a impressão que a cada nova observação o relógio me convida a compartilhar com ele algo que não tenho a menor idéia do que possa ser.
Ao olhar para uma mesa logo a entrada do estabelecimento, observo um rapaz solitário, tendo como companhia apenas sua cerveja. Ele olha o vai e vem da rua a sua frente, mas sinto que não é isso o que ele vê. Seu olhar está distante, ele está distante de tudo e de todos, distante de si. Olha para um ponto qualquer como se a qualquer momento alguém iria surgir dali. Então penso que ao estar atento ao tempo, esse instante irá demorar um bocado para terminar, porém, a ele que disperso e em devaneio terá a impressão de que esse momento não durou mais do que um piscar de olhos, enquanto se perdeu em alguma lembrança talvez.
Olho para a rua, as pessoas passam, os carros passam, alguém grita um produto que tenta vender, me levanto, pago a conta e saio. Acabou-se a magia, o relógio já fora esquecido ao meu movimento de levantar-me, o tempo simplesmente voltou a correr indiferente a mim.
Alguém ao meu lado diz a seu amigo: “-Um ano mais já se passou...”. Olho para o meu relógio de pulso e constato que toda essa minha divagação não passou de quarenta minutos e percebo que já não sou escravo do tempo e nem temo o que posso controlar, afinal, tempo é tudo o que tenho, tempo é tudo o que sou, e nesse tempo volto a caminhar... 

Karl Mot.

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