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O mais alto



Quero subir no local mais alto que houver perto de mim. Se possível chegar tão alto que as nuvens e a neblina possam me envolver e impedir de que eu veja o horizonte que por tanto tempo contemplei a espera de que meus sonhos surgissem diante de mim, porém, chamais chegaram.
Quero subir no local mais alto que eu puder, quero sentir o vento gélido que sopra fazendo arder a pele, sentir o frio que chega lentamente e envolve o corpo até quase congelar quando junto vem a noite, trazendo seu tão mágico silêncio e dando vidas as formas fantasmagóricas das árvores já sem vida que insistem em manterem-se em pé.
No alto e mais que tudo a minha volta quero olhar em volta e mesmo que nada eu veja por causa da neblina, quero sentir que estou cercado por aqueles que aqui já não estão, que estão ocultos nas sombras, atrás das folhas e sobre galhos, observando, apenas esperando para saberem o que faço parado ali.
E depois que a noite se for e um novo dia chegar, enquanto lentamente todo o branco que embaçou minha visão se dissipar, quero olhar para o horizonte e saber que nada mudou e tudo está no mesmo lugar.
Perceber que meus sonhos novamente não surgiram e nem você apareceu.
Ter a certeza que mesmo distante de tudo e de todos, nem mesmo assim perceberam que eu não estava ali.
Quero ver no novo dia a confirmação de que posso partir, desaparecer e sumir e ter a paz interna de que não causarei dor ou sofrimento a quem fica, que minha ausência não provocará estragos e que poderemos em paz seguirmos nossos caminhos.
Ter a certeza de que seja dia ou seja noite, eu estar sozinho não encerra minha vida e eu não estar com você não desperta o vazio ou a saudade que te faz perguntar por onde estive ou por onde andei.
Vou procurar o local mais alto para então, encontrar em mim o mais alto sentimento que poderia eu encontrar, o desprendimento de querer amar sem se prender ou prender alguém a suas próprias limitações de sonhar.

Adeus


Parto em silêncio, sem chamar a atenção, levo no pensamento uma prece para que tudo dê certo e que realize cada qual do seus projetos. Talvez você ouça um canto de alento quando a brisa soprar e atrevida passar por entre as frestas da janela do lugar que um dia fora nosso lar.
Talvez quando as gotas da chuva rolar por teu rosto, se lembre das lágrimas que um dia chorei.
Certamente em pouco, talvez até menos tempo que eu possa supor, encontrarás uma outra pessoa e o chamará de amor, talvez com muito mais intensidade do que chamava a mim.
Tentará negar a ele e principalmente a você que o sentimento do passado é mais forte do que o presente.
Conquistarás prestígios e estatus com tuas conquistas e tentará esquecer tudo o que um dia acreditei que tínhamos conquistados juntos.
Estará entre todos aqueles que sempre desejou estar, ocupará os espaços que desejou pisar.
Talvez carregue consigo uma longínqua lembrança do que fomos um dia e então, logo a deixará de lado e abrirá bem mais os teus lábios num belo sorriso, muito mais vezes do que eu pude proporcionar.
Tentará sob a maquiagem, apagar as marcas dos beijos e carinhos que um dia em tua face eu desenhei.
Queimará as poucas fotografias e presentes de nossos dias juntos e os destruirá na esperança de me tirar dos seus dias, queimará todas as cartas, poemas e os desenhos de nós dois que eu deixava na geladeira antes de sair para trabalhar.
E sei, que como eu irá interpretar e aceitar da melhor forma que convir os motivos desse fim. Irá colocar sobre a mim toda a culpa e não o fará sem razão. Incidirá sobre mim toda a tua ira quando sem querer você se surpreender com uma lembrança minha percorrendo teus pensamentos.
Mas, sei também que antes mesmo da minha partida, agradecerá por tudo ter acabado, agradecerá pelo fim. 
Talvez peça desculpas, talvez não, mas não me importa mais, afinal, sei que no fundo, eu serei sempre o culpado para você, ainda que tenha sido você quem tenha colocado tudo a perder.
Mas, ainda assim, talvez peça desculpa para redimir a minha dor, porém, não argumentarei, não questionarei e nem responderei, apenas, sairei, tranquilo, sereno e em silêncio.
No silêncio dos meus lábios, porém, na dor expressada em meu olhar, perceberá que não merecia o que fizera e portanto, não será a desculpa que aliviará nos dois a dor que causou a forma desse adeus. 

Química da paixão, pura emoção


Vem para mim, pois, não sei mais esperar... 
Venha sem medo, sem susto e sem desespero,
estou inteiro ao seu dispor, sou seu sem pudor.

Esqueça o que te aconteceu,
esqueça tudo o que já viveu, 
venha para que eu possa ser seu.

No Sol, na Lua, no chão e na chuva,
em ré, fá, só quero você

Venha para me reensinar a amar,
a sentir o prazer que só você sabe dar.
Tocar teu corpo como quem descobre o mundo,
descobrir o teus olhos e me mostrar os seus sonhos.

Vem, com pressa, com vontade e desejo,
vamos nos entregar a química da paixão,
vamos nos estragar com toda a perdição,
que somente dois amantes quando se entrega à pura emoção... 

Para sempre


E hoje tento me convencer que o tempo é só um detalhe, pois, a imagem do seu sorriso jamais permitirei que se apague da minha memória.
E os dias e as noites passam tão lentos e em meu coração está sempre o desejo de estar com você e isso me dói, me dói não tê-la comigo agora nesses dias tão longos e noites tão solitárias.
Mas eu não desisti, mesmo quando às vezes a vontade de viajar para além das estrelas me invade na esperança de tirá-la de meu ser.
Lágrimas rolam nas noites solitárias por nunca termos estados juntos depois daquele adeus.
E ainda te trago em meu peito, nos meus olhos, na minha mente e no meu corpo.
Mas para sempre estarei com você e sei que estará comigo e então as noites não serão mais tão frias e escuras e os dias não serão mais tão longos, pois sei que dessa forma sempre a terei ao meu lado.
Talvez você tema, receie, mas sabe no mais profundo do seu íntimo que cedo ou tarde acontecerá e estaremos juntos, abraçados, sorrindo e caminhando de mãos dadas pela longa estrada.
E aí, não haverá mais lágrimas e nem dores, não haverá mais medos e nem receios, pois sentiremos em cada batida dos nossos corações toda a intensidade do que sentimos um pelo outro, sentirá em cada palavra sussurrada por mim em teu ouvido a minha alma dizer que sempre esperou a sua.
E conheceremos as estrelas e um universo diferente, onde as cores serão múltiplas e com suas variações ainda mais ricas e intensas, onde as noites serão alegres e o cintilar das estrelas guiará nossos sonhos, onde compartilharemos cada um de nossos desejos mais secretos e experiências já vividas, riremos juntos das boas lembranças e gargalharemos daquelas que um dia nos fez chorar.
E juntos para sempre, não mais temeremos o futuro, não mais temeremos a solidão, pois, teremos a certeza de que nossas diferenças são exatamente o complemento da paixão que sempre sonhamos e desejamos um dia encontrar.
Eu te sinto aqui, mesmo você não estando ao meu lado, eu sinto teu perfume, o suave toque de suas mãos em meu corpo e até sua pele arrepiada quando percorro teus contornos com as pontas dos meus dedos.
É como se eu estivesse olhando em teus olhos e eles me dissessem aquilo que teus encantadores lábios segredam.
É como se a cada suspiro que esvai de você uma voz me dissesse como está sua alma e então, ainda que não esteja ao meu lado, nos entregamos e permanecemos juntos um para o outro, para sempre.

Éramos um


Não sei ao certo, quando o fim começou.
Só posso dizer que percebo o que estou sentindo agora.
Tudo era tão simples, os sonhos, os desejos, o amor e tantos outros sentimentos.
E de repente, tudo saiu do controle e hoje vejo que estamos perdidos em meio a um turbilhão de fatos e situações e por mais que tenha tentado te proteger, vejo que você foi envolvida nessa tempestade de sentimentos.
E sinto que isso está te levando para longe de mim, cada dia um pouco mais.

Antes tínhamos tanto tempo para nós, mesmo quando muitas coisas estavam acontecendo.
Antes, éramos dois, mas vivíamos como um.
No decorrer do dia nos procurávamos, nos tocávamos, nos beijávamos demonstrando todo carinho e cuidado que queríamos doar um ao outro.
Hoje, o anoitecer chega antes do sol se pôr.
E antes que as sombras invadam nossos corpos, cada qual já se encolheu em seu canto para proteger-se dos próprios monstros e não mais nos defendemos juntos dos medos que eles trazem consigo.
Nos escondemos, na verdade, de nossos toques, nossos carinhos, nos escondemos um do outro.

Hoje, talvez nem colegas somos mais, do lindo sentimento e amizade somente um rótulo em nossas faces.
Quase não te procuro, porque não me procuras também, deixei você à vontade para as tuas pressas, talvez, depressa demais, te deixei com tuas preocupações e teus sofrimentos, talvez, por eu sofrer demais e sempre há um motivo mais importante que nós dois e talvez por não ser mais importante para você, tento me convencer que não é mais tão importante para mim.

E assim, vamos rápido demais, porque irá anoitecer rápido demais, porque tudo aconteceu e continuará acontecendo rápido demais e rápido demais já não somos um mais, rápido demais nos tornamos dois. 

Tudo passa pela interpretação, demônios podem surgir


E pensava enquanto caminhava, no que realmente move o ser humano. Não sua motivações existenciais, essa já se sabe que jamais terá respostas, não enquanto estivermos no presente estágio de evolução, mas pensava no que realmente colocava o ser humano em movimento, o que fazia uma pessoa levantar-se, sair de onde estava, fazer algo, etc... 
Depois de muito pensar, conversar e comparar diversas informações sobre o tema, passou a acreditar que uma delas seria a mais provável, que é a imagem.
Antes de todo e qualquer movimento, o cérebro cria antes a imagem que motiva e coordena todas as reações químicas cerebrais, comandos aos tecidos, músculos, etc para que tal imagem seja então concretizada em realidade, através do movimento.
Porém, em meio a esse raciocínio se deu conta de que há algo tão importante quanto.
Percebeu que a interpretação poderia vir antes da imagem se criada, afinal, cria-se uma imagem a partir de uma interpretação, mas, para que haja a interpretação, é necessário antes ter uma imagem. E assim, seguiu pensando e analisando e se encontrou no dilema, de forma que resolveu aceitar que ambas são de igual importância, não importando a ordem em que surgem, já que são na verdade complementos.
A partir daí, passou a observar melhor e com mais detalhes determinadas reações, sua e de outras pessoas a partir de um mesmo ponto e viu que muitas vezes, uma única palavra, colocada em conjunto com uma simples frase, poderia desencadear situações extremamente opostas, uma vez que a interpretação seria diferente para cada público que demonstrava de alguma forma, algum interesse pelo tema.
Houve os que se manifestaram com humor, considerando apenas a frase e a palavra nem contexto de descontração, devolvendo a piada, mas, houve também manifestações contrárias e o interessante, jã não era com relação ao tema, mas, com relação a uma única palavra no contexto.
Então, observou e chegou a conclusão que muitas coisas podem ser destruídas com apenas uma palavra que proporcione a equivocada interpretação ou uma equivocada reação. Uma única palavra pode destruir, independente se ela está no contexto de uma declaração totalmente positiva, se ela, se esta palavra se destacar e por algum motivo levar a uma interpretação equivocada, lá seu foi todo o seu trabalho.
E assim, ele testou aquilo que tanto pensava, e chegou a conclusão de que a imagem é importante, mas, certamente a interpretação adequada é fundamental.

Talvez ela saiba



Talvez ela saiba que desde que surgiu em minha vida, muita coisa mudou.
O cara certinho que sempre pensaram existir, percebeu não ser tão certo assim.
As regras que antes sua imagem aparentava  seguir, ficou claro que não as seguia.

Talvez ela saiba que desde que surgiu em minha vida, ela se tornou a minha garota e
sempre será e nada irá mudar isso, mesmo que não estejamos jamais lado a lado,
nem caminhemos de mãos dadas ou nos beijemos rapidamente quando o outro não estiver esperando.

Talvez ela saiba que sentiu como se esperasse por esse momento por toda a vida
e desde que ela apareceu a minha frente, simplesmente tudo aquilo que parecia não ter sentido algum
ganhou um novo significado e passou a guiar meus passos.

Talvez ela não tenha idéia, que apesar de saber que será sempre a minha garota,
todas as cores se mostraram muito mais vibrantes e reais do que jamais se apresentaram,
o movimento a minha volta se tornou muito mais vivente e intenso.

Meus dias se tornaram menos cinzentos e até as cores do arco-íris
que surgiu depois daquela forte chuva no final da tarde vibrava como se 
cada cor fosse o tom de um nova canção.

Talvez ela saiba, mas tenta esconder. 
Talvez ela saiba, mas tenta disfarçar.
Talvez ela saiba que ela será para sempre a minha garota.

Quando chegou o amor - Final


Minha vida continuou, durante muito tempo carreguei comigo inúmeras dúvidas, alimentei uma intensa culpa por jamais ter revelado meus sentimentos, apesar de que acreditava que se o tivesse feito, nada seria diferente, de certa forma eu acreditava até que ela sabia disso e talvez para me poupar de uma decepção, o que me é muito pouco provável, fazia de conta que não o percebia. Mas, o mais provável para mim, sempre foi o fato de que ela sempre soube, porém, sabia que um distanciamento ela perderia o grande amigo, quando a isso não tenho dúvidas, eu sempre fui o grande amigo que ela jamais teve.
Já adulto, já tendo vivido inúmeras experiências afetivas, nenhuma delas em relacionamento duradouro a reencontrei na rua, num domingo à tarde quando vinha da quadra de esportes. 
Foi o diálogo de sempre, sem muitas coisas interessantes a serem ditas. Eu senti meu coração acelerado, minhas mãos suarem novamente, mas, tinha a plena convicção de que não passaria disso, ela já não me causava as emoções com as mesma intensidade de antes.
Então, após algum tempo de conversa, inevitavelmente o assunto nos remeteu ao passado, onde novamente ela passou a relatar suas experiências e frustrações, eu em silêncio apenas ouvia, de vez em quando concordava com algo que ela dizia, apenas para demonstrar que eu estava prestando atenção.
Depois, ela me deu a vez para que eu falasse, contei as minhas experiências, falei das minhas aventuras e das noites em companhias que nem sempre estariam comigo ao amanhecer.
Então, sem que eu me desse conta, quase que instintivamente disse, que desde que me apaixonei por ela, não amei mais ninguém até aquele momento.
Dito isso, em uma fração de segundos meu corpo estava todo gelado, paralisado e meu olhar fixo nos olhos delas, não sei como e nem porque aquilo saiu entre minhas palavras.
Ela sorriu, segurou minhas mãos e delicadamente disse que naquela época ela não estava preparada para receber o sentimento que eu tinha para oferecer a ela, que ela sempre soube do que eu sentia, mas ela não conseguiria e não poderia corresponder e para não me magoar, procurava não me dar oportunidade de declarar.
Mas, que naquele momento ela sabia exatamente o que queria e que com tanto tempo passado, o carinho de amiga que ela tinha por mim e minha dedicação e lealdade a ela, fez despertar um novo sentimento, fez com que o sentimentos de amizade e admiração que ela sentia se tornasse algo maior e mais forte.
Eu fique estático, por um momento senti que meus olhos brilharam em tamanha intensidade que certamente foi notório a alegria que me invadiu, porém, no instante seguinte, me trouxe a razão novamente.
O coração batendo descompassado, as mãos suavas ainda mais abundantemente, estavam inquietas, não sabia exatamente como deixá-las, olhava para um lado, depois para outro. Observava as pessoas que passavam. Diante de mim o sol estava a se pôr, já se escondendo por entre às árvores do parque a minha frente, do meu lado direito as águas do rio corriam e me pareciam mais agitadas do que de costume, carros passavam apressados, pássaros começavam seus vôos em busca de lugares seguros para a noite que se aproximava.
Ela continuava em silêncio, parada a minha frente como que esperando uma resposta. Seus olhos negros, intensos pareciam tentar invadir minha mente para descobrir o que borbulhava lá dentro, seus lábios entre abertos, destacando o branco de seus sorriso agora oculto por uma rigidez muscular que demonstrava sua apreensão eram ainda mais apaixonantes.
levei minha mão direita até sua face, fiz um carinho com tamanha suavidade que nele depositei todo o amor de todos esses anos em que ficou guardado em meu peito.
Aproximei meu rosto lentamente do rosto dela, olhava em seus olhos.
Beijei suavemente sua testa, depois tua face.
Disse que ainda havia algo em mim que alimentava o sentimento que um dia decidi manter em segredo, mas, que naquele momento, se eu aceitasse aquilo que ela me propunha, certamente seria o início da preparação de um sofirimento muito maior para nós dois, pois, sabíamos que com o tempo isso deixaria de existir, ela encontraria uma outra pessoa por quem se interessaria e aí haveria apenas dois caminhos. 
Se calar e sofrer em silêncio por respeito e consideração a mim, ou ser sincera e romper com o que quer existisse no momento.
De uma forma ou de outra, ambos sofreriam, então que o melhor seria seguirmos, como sempre foi e que guardássemos na memória as boas e doces lembranças do sentimos quando chegou o amor.
Dei-lhe um beijo na outra face e segui meu caminho, ainda olhei para trás uma última vez, para gravar na memória o momento que poderia significar a melhor ou pior escolha que eu poderia ter feito e então percebi que dessa vez, foi eu quem deixei o meu grande amor com sua dor pela primeira vez.

Isso foi tudo o que restou


E agora você está aí.
Diante de um computador, talvez nem mesmo respondendo aos comentários em redes sociais, talvez ignorando inúmeros  e-mails que antes respondia apressadamente.
Talvez nesse mesmo instante esteja de forma apática tentando encontrar com o que se ocupar.
Em tua mente, nada... Absolutamente nada.
Seus olhos perdidos mirando um ponto inexistente na parede branca a tua frente.
Seus lábios cerrados, escondendo o lindo e encantador sorriso que por tantas vezes compartilhou com tantas e tantas pessoas.
É, parece que isso é tudo o que restou...
Às vezes, ainda que raramente, deve se surpreender lembrando dos sonhos um dia sonhados, às vezes só, às vezes em agradável companhia. 
E nessas vezes, olhava para o céu e fazia uma prece para que fosse verdadeiro e eterno.
Mas, sem motivos aparentes tudo mudava e quando percebia era você e a solidão outra vez.
Quantos sonhos foram mortos por você?
Quantos sonhos você permitiu serem assassinados por outros em troca do preenchimento da própria carência?
E quantos, verdadeiramente, quantos sonhos você defendeu com todas as tuas forças e ainda que não pudesse realizá-los os guardou bem protegidos para quando chegasse o momento?
E agora você continua aí, lembrando que uma ou duas atitudes tua poderiam ter feito com que tudo fosse diferente. Pensa que talvez não mudasse o desfecho ou o resultado, mas, ainda que acontecesse poderia ter sido de forma diferente, 
Permanece se questionando se de repente não interpretou tudo errado e devido aos próprios medos e egoísmo trocou os pés pelas mãos. 
Quantos e quantos dias, quantas noites vagando dentro do ilimitado espaço do teu quarto em busca de algo que nem mesmo você sabe o que é...
E se pergunta: - Quem sou eu?
Quando foi a última vez que conseguiu responder sem pestanejar a essa pergunta?
Quando foi a última vez que conseguiu responder para si, qual o seu mais belo e precioso sonho?
Quando foi a última vez que procurou alguém para amar, pelo simples fato de amar e não para preencher carências e necessidades práticas?
Quando foi que amou por amar e não por temer a solidão?
Enfim, aí está você.
Em seus devaneios, inércias e culpados pelos equívocos que recusa admitir terem sido cometidos por livre e espontânea vontade sua e quando olha para os lados percebe que isso, ah! Isso é tudo o que restou... 

A agradável surpresa


Em devaneios perdia-se. 
Em sua busca de encontrar-se em meio as palavras ainda sem sentidos que rodopiavam diante de suas vistas, que cansadas olhava a claridade da manhã que aos poucos rompia com as sombras que ainda teimavam manter-se em sua janela, deixava-se levar pela inércia de manter-se em sua confortável estática.
Lentamente as palavras foram encontrando-se, tomando forma e quase que automaticamente seus dedos passaram a deslizar rapidamente pelo teclado pousado diante de si.
Não mais devaneava, mas também não pensava, apenas reproduzia palavras que surgiam como que sussurradas em seus ouvidos, sentia cada uma delas, sentia aquilo que se expressava conforme se montava as frases, os parágrafos.
Não sabia ao certo o que diria em todo o seu conteúdo, mas, sentia que algo seria dito. Sabia que não era tão importante o que sentia enquanto escrevia, mas sim o que sentiria quem lesse.
Assim, passaram-se alguns minutos do último dia daquele ano, em que, em questão de horas as novas velhas promessas permeariam todo o ambiente.
Nesse instante parou novamente, suas mãos tranquilas pousadas sobre as letras que ansiosas esperavam por serem impressas, permaneceram imóveis, o pensamento de mais um ano tomou conta de sua mente.
Não se iludia mais com a idéia de que só porque um ano findava no outro tudo seria diferente, já algum tempo que algumas coisas sobre mudanças não alimentava mais alguns planos, tantas foram as promessas de mudanças feitas não só por si como para si e que jamais foram cumpridas, que deixou de acreditar, mas por outro lado sabia que em algumas questões práticas mudanças são possíveis e prováveis e já algum tempo alimentava a decisão de que em algumas delas poderia mudar.
Decidiu que apesar de feridas e cicatrizes, de decepções e frustrações que por tanto tempo acompanham as noites solitárias, como fantasmas que insistem em abraçar e cantar uma monótona canção de ninar, iria permitir-se algumas novas oportunidades.
Uma canção invadiu o ambiente, atentou-se para as palavras que continuavam ali, chamando e pedindo para que fossem libertadas e assim mergulhou novamente no ritmo frenético produzido pelas teclas que harmoniosamente reproduzia os sons dos seus toques.
Após derramar toda a intensidade das palavras que tiravam sua paz, leu e releu tudo o que estava pronto diante de si, selecionou todo o texto e sem hesitar deletou. Não era o que sentia, aquilo que estava nas palavras, eram as palavras sussurradas, mas não os sentimentos que elas carregavam, algo não correspondia ao que sentiu enquanto escrevia.
Mas eis que o universo manifesta-se. 
Como que por destino surge uma agradável surpresa. Diante de seus olhos ofuscados pela luz que intensa brilha agora em sua janela, um anjo em contornos delicados mostra-se, um anjo que apresenta uma melodia inebriante em suas palavras proferidas, palavras sem pretensões, porém, intensas em suas verdades.
Um anjo que lhe reapresenta um resumo de seu passado, uma minuta de seus medos e dores, um anjo que mostra que apesar de tudo é hora de mudar, que pode mudar e que vale a pena voltar a acreditar, um anjo que mostra que há tempo para tudo e que nada acontece pelo simples acaso do inesperado.
Uma anjo que estacionou o tempo e ilimitou o espaço, um anjo que levou tua existência a um estado que há muito não sentia, um anjo que trouxe em uma canção uma alegria que em seu sorriso já não existia.
Quão agradável surpresa foi a última manhã, do último dia em que já não se acreditava que seu futuro poderia mudar.
Quando o anjo partiu, ainda por alguns instantes seus olhos buscavam tua forma diante de si e percebeu então, que de todas as suas certezas, nenhuma era segura o suficiente a ponto de impedir que se vivesse uma nova e intensa emoção.