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A magia de Helen




(Helen, é real, uma enfermeira a qual presenciei seus procedimentos salvando uma vida que em decorrência de acidente de motocicleta, onde a vítima quase faleceu. Uma homenagem a todos que salvam vidas, seja em procedimentos médicos ou com simples palavras de encorajamento.)
E então, Helen chegou...
Sua beleza conforta a dor,
sua mão acalma o sofrimento,
em seu olhar uma esperança de vida.

Ela massageia a ferida,
ela fecha o corte,
ela faz bater um coração.

Helen, tão bela é tua delicada força...
Ah! Que bom que você chegou...
Cura essa dor que ainda incomoda,
trás vida a este corpo machucado.

Helen, tão doce tua voz...
Ah! Que bom que você sorriu...
Ata-o no brilho deste olhar,
deixe-o inalar a essência de tua energia.

Tudo parecia perdido,
o espírito já estava partindo
e tudo aconteceu tão rápido...
Helen, um anjo que acordou
o coração já adormecido.

E então Helen partiu,
a ferida cicatrizou,
sua delicada força naquele corpo ficou.
Tua voz ainda ecoa
E Helen foi salvar outro coração...

O julgamento


Um vazio interminável a sua frente, envolvido em intensa escuridão. Um grito no mais baixo tom quebrou a harmonia já ensurdecedora do silêncio que o envolvia.
Ele calou até mesmo a voz que ecoava em sua mente incomodando o mais profundo que havia em seu coração. Ele olhava as inabaláveis paredes de breu que haviam diante de si e como num espelho o incógnito temor passava a tomar forma, sua silhueta disforme, formava-se em seu presente como a um passado. Seus olhos queimavam sua alma como ele havia consumido a de alguém, sua boca escancarada devorava o seu último sonho, da mesma forma como ele devorou o primeiro de outra pessoa.
Ele caminhava na vazia escuridão sem rumo, sem ao menos sentir o chão sob seus pés, olhava para o nada na esperança de encontrar tudo: Uma saída.
Ouvia vozes que vinham de uma luz avermelhada que oscilava a uma considerável distância a sua frente, como que suspensa no vazio e escuro vácuo em que se sentia aprisionado. Se aproximou e chegou a um vasto salão, as vozes são de pessoas conhecidas por ele, não se lembrava em que circunstâncias as conheceram ou se separaram, mas sabia... Eram conhecidos.
Sentia uma presença que o incomodava muito mais, estava silhueta permanecia parada em um canto menos escuro do salão, acompanhava de forma discreta o compasso da melodia. Ele sabia que mesmo sem olhar diretamente, ela o observava.
Por impulso começou lentamente a caminhar em direção a silhueta, enquanto cruzava o salão observava atentamente as faces que pareciam flutuarem vindo em sua direção, quase atravessando seu corpo.
Se aproximou e ao chamar a silhueta virou-se e um calor intenso invadiu seu ser, teve a nítida impressão de que os ângulos e posições haviam sido invertidos, olhou para o vazio negro que havia no lugar de um rosto e se viu, via-se como os outros o viam. Via seus defeitos e virtudes, via seus gestos, sua postura e toda uma formação até então tida como sólida ruir-se no mais suave soprar de uma brisa.
Percebeu o que significavam as imagens e o que faziam ali estas pessoas, todo seu egocentrismo posto a prova, seu prestígio sendo apresentado para que aprendesse para que serve e tudo o que defendia parecia perder tuas finalidades.
- Onde pretende chegar? Ele perguntou desesperado, quase gritando.
- Chegou a tua hora, mas no seu julgamento serás condenado a uma segunda chance. Você sempre fora preso a ridículos valores e hipócritas crenças, deixou de viver por medo de aprender e quando resolveu fazê-lo não mediu conseqüências e por muitas vezes prejudicou a quem não merecia, terá uma segunda chance, pese bem tua vida e teus atos, pois é você quem julgará e o que decidir estará decidido, faça valer a pena esta oportunidade ou caminhará sobre as mesmas pedras e espinhos que andou até agora. Dizendo isso, a imagem se desfez. Acordou assustado, suado e se debatendo contra a coberta que me cobria o rosto.
Gargalhou de si ao ver-se tão assustado por um sonho, levantou e resolveu caminhar um pouco, ao abrir a porta e se lançar a rua, ao dobrar uma esquina alguém lhe pediu um cigarro, ele entregou e continuou sua caminhada, pouco depois, ouviu:
- Nem todos tem uma segunda chance...
Olhou para trás assustado, não havia ninguém além dele na penumbra da madrugada fria que fazia...

Palavras de adeus de um solitário ateu


Gostaria de dizer algo antes de partir.
É importante para mim dizer como me sinto, principalmente agora que talvez já tenha partido.
Eu gosto muito de viver, mas não me importo de dizer adeus, talvez um eterno adeus.

Partiria e dependendo de como seja o desconhecido, irei cantando “Just a gigollo”.
Mas tudo acontece de forma tão rápida que talvez não dê tempo de lhe dizer adeus e então quando você chegar eu já tenha partido, enquanto todos choram em busca de um pouco de prestígio eu estaria com um sorriso tolo estampado nessa cara fina que o tempo há de corroer.
Se for possível, permanecerei entre as turmas isoladas que lembram as situações hilárias desse que parte, achando graça das piadas sem graças que um dia contei e ver quando entra aquela menina, os canalhas discretamente lançando olhadelas e ver aquele grupo de garotas que nem sabem porque estariam ali, mas estariam.
Não me importo com nada disso, na verdade até me divirto.
E se eu morrer agora, apenas terei partido, talvez como o trem que chegou atrasado ou como o ônibus que apressado sai antes do horário, talvez como o destino certo, ou ainda, nem de endereço precise o diabo.
Se eu morrer agora, estaria imaginando a expressão daqueles que lerem essas palavras vãs, palavras de adeus de um solitário ateu.

Os ponteiros


Mais uma vez está entardecendo, as pessoas caminham apressadas sem saber exatamente o motivo. Algumas, estão a caminho de casa após outro dia de trabalho, querem descansar, correm, mas buscam o descanso em seus lares ou um refúgio daquilo que se deparam todos os dias? Não seria em suas casas que encontram o tempo necessário para se depararem com seus maiores temores? Frustrações? Dores?
Enquanto isso, outras estão ansiosas e empolgadas por perceber uma noite a mais, uma chance a mais para talvez mudar aquilo que sentem. Vêem na noite a possibilidade de muitas coisas acontecerem, a chance de preencherem o tão intenso e profundo vazio com que convive há muitos anos, sonham com a possibilidade de encontrar alguém que preencha a carência que está além do corpo, mas muito aquém da compreensão da alma. E ainda que o neguem para outros e lutam para negarem a si, sabem que o que procuram não é nada além de um corpo que possa fazê-las sonhar por algumas horas, de que esse tempo poderá ser eterno.
Meus olhos sorrateiramente passeiam pelos rostos cansados que dando a impressão de não haver vida neles, seguem seus cursos, me parece que ainda que esses corpos tivessem os olhos vendados seguiriam o caminho sem ao menos tropeçarem, sabem o caminho tantas vezes percorrido com a impressão de que ele fora traçado de forma definitiva, não podendo ser mudado.
Os olhos atentos das adolescentes, intensas em esperanças, chispam em faiscantes olhares inquietos e curiosos em todas as direções, e depois seguem levando na face, ainda sem marcas do tempo e da vida, um sorriso que mostra o findar da ingenuidade.
Passo mais uma vez meus olhos pelos ponteiros de um relógio vulgar pendurado em um canto esquecido do estabelecimento, como por descaso parece ter parado neste instante. Olho atento por alguns instantes o relógio e não sei porque, mas tenho a impressão de que os segundos e o minuto se estenderam um pouco mais.
Levanto meu olhar para a rua e não há mais ninguém dos que estavam ali há tão pouco tempo. Os que estão ali são outras pessoas, mas me parecem ter as mesma expressões, olhares, sonhos e angústias. Olho ao meu redor, nas mesas, no balcão, ninguém se dá conta de que estou a observá-los, aguço minha audição e ouço a conversa de um grupo de rapazes ao lado. Falavam de garotas com quem haviam programado algo para o fim de semana, dado o recado fez-se o silêncio, um gole na cerveja aparentemente já quente, quando pensei que se iniciaria um novo assunto enquanto se entreolhavam e depois como que combinado olhavam juntos em uma mesma direção para fora do estabelecimento, nada acontecia. O silêncio entre eles parecia ter um peso quase insuportável e o que parecia para mim uma eternidade, não durara mais do que um minuto.
Nesse momento, um homem de aproximadamente 40 anos, alto, grisalho nos poucos cabelos que lhe restam, barba curta no mesmo tom cinzento, traz sob um dos braços um jornal enrolado, senta-se na última a mesa a direita do salão, no canto e sem lançar um olhar em pouco sobre sua mesa está posto um copo pela metade com alguma bebida destilada, ao lado um copo tulipa quase até a borda com a cerveja tirada da garrafa pousada a sua frente. Inicia sua leitura, em pouco tempo, percebo que já não está mais ali, a forma como se dispões informar-se já não é mais prestígio mas prazer, satisfação.
Novamente a percepção do tempo, tenho a impressão que a cada nova observação o relógio me convida a compartilhar com ele algo que não tenho a menor idéia do que possa ser.
Ao olhar para uma mesa logo a entrada do estabelecimento, observo um rapaz solitário, tendo como companhia apenas sua cerveja. Ele olha o vai e vem da rua a sua frente, mas sinto que não é isso o que ele vê. Seu olhar está distante, ele está distante de tudo e de todos, distante de si. Olha para um ponto qualquer como se a qualquer momento alguém iria surgir dali. Então penso que ao estar atento ao tempo, esse instante irá demorar um bocado para terminar, porém, a ele que disperso e em devaneio terá a impressão de que esse momento não durou mais do que um piscar de olhos, enquanto se perdeu em alguma lembrança talvez.
Olho para a rua, as pessoas passam, os carros passam, alguém grita um produto que tenta vender, me levanto, pago a conta e saio. Acabou-se a magia, o relógio já fora esquecido ao meu movimento de levantar-me, o tempo simplesmente voltou a correr indiferente a mim.
Alguém ao meu lado diz a seu amigo: “-Um ano mais já se passou...”. Olho para o meu relógio de pulso e constato que toda essa minha divagação não passou de quarenta minutos e percebo que já não sou escravo do tempo e nem temo o que posso controlar, afinal, tempo é tudo o que tenho, tempo é tudo o que sou, e nesse tempo volto a caminhar... 

Karl Mot.