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Nota de falecimento



E subi naquele tão mal frequentado banco de praça, aquele mesmo que fica ali no calçadão, a beira mar, tendo por platéia as gaivotas que desesperadas ciscavam a areia, as ondas do mar que indiferentes a mim e tudo o mais, apenas vinham, riam e se desfaziam em brancas camadas de espumas, havia também alguns urubus que assistiam distantes a algazarra das gaivotas, sob uma palmeira, talvez bem mais sóbrio do que eu, uma pessoa qualquer, que talvez nem se visse mais.
Olhei em volta e em altos brados comecei o último discurso:
- Aviso a todos, a quem possa interessar e a quem não interessa também, que se aproxima a data do início do fim. Não prego o apocalipse, mas, o fim desse que a todos grita, não se assustem os amigos e nem se desesperem os parentes, os quais na verdade, creio conseguir contar nos dedos das mãos os que realmente se importariam, mas, enfim, informo a todos que as exatas 00h00m do dia 25 de dezembro desse ano, terá o início o processo de degeneração desse tão conhecido por tantos, não será a degeneração física, o que na verdade seria muito mais fácil e prático, mas, a degeneração de tantos anos de valores, conceitos e tudo o mais que cultivei com tanto carinho e afeto para distribuir a todos, mas, principalmente, tudo aquilo que superando medos, traumas, cicatrizes e inseguranças, foram criados para ser entregue a aquela pessoa que de bom grado o quisesse receber. Iniciará nessa data e nessa hora o fim das palavras gentis, gestos tenros e frases amáveis. Não, isso não acontece assim da noite para o dia, mas, decorrente de um processo desgastante de decepções, frustrações por tanto fazer e de nada adiantar. Isso já havia começado, mas, eu como sempre insistia em lutar contra essa morte, tentava dar sobrevida a criança, ao sonho, ao poeta, ao romance e ao amor, lutei e persisti o quanto pude, mas, não dá mais, cansei e por cansar entrego ao pó aquilo que do pó veio. Não posso impedir, a quem queira, que guarde na memória as boas lembranças do amável, afável e apaixonado ser que deixará de existir, como tanto insistimos em fazer com tantos entes queridos. Mas não se surpreendam, pois, ao dia 01 de janeiro do próximo ano, só haverá aqui palavras racionais, pés no chão e a entrega daquilo que por algum motivo eu achar que devo entregar, provavelmente no jogo que todos jogam, dou aquilo que recebo, se é assim que funciona, então, que assim eu funcione também. Li em algum lugar, que alguém é tão bondoso que nos dá a liberdade de plantarmos e tão justo que colhemos o que plantamos, então, me expliquem, porque plantando flores, só colhi espinhos? Em outro texto li uma mulher descrevendo o que buscam em um homem e na maior neutralidade possível, vi que não sou cem por cento o perfil descrito, mas, que sempre busquei oferecer e corresponder ao que ali estava listado, e modéstia a parte, já que esse não existirá mais, correspondia a boa parte, no entanto, todas as pessoas que sempre se disseram encantadas e por quem também me encantei, sempre preferiram o oposto, me expliquem? Ninguém quer alguém certinho, puritano, etc, mas, sempre optam pelo "pior" (sem querer aqui fazer julgamentos). E por tantos indícios, fatos e os motivos citados, decreto o falecimento desse que grita aos ventos suas últimas palavras. Alguém que tem tanta importância quanto o melhor amigo ou a melhor amiga da escola que se encontra quinhentos anos depois. É sempre bom saber que somos importante para alguém, mas, no fundo gostaríamos de ser um pouco mais para aquele alguém que é muito mais para nós, então, que sentido tem em ser como sempre tentei ser? Para mim, perdeu-se o sentido e se não há sentido, não há porque ser.. E com isso, fixo as datas para o início do fim desse que sempre acreditou que um dia valeria a pena ser como sempre fui, que sempre acreditou ter mais importância do que realmente sempre teve.