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Ensaio sobre a morte


Ensaio sobre a morte
Alvorecer

O sopro da vida me vem lentamente, começa como se fosse um alvorecer e que se torna aos poucos uma brisa incandescente que me queima a face e me torna menos que mortal.
É como se o brilho intenso de um olhar de repente queimasse, como se os lábios sangrassem a cada beijo dado pela vida, como se os cantos dos pássaros fosse um lamento pelo fim.
Tudo acontece tão lentamente. A morte se aproxima e como ironia me dá o direito a um último suspiro, o direito a lançar o último olhar sobre minhas atitudes tão mesquinhas diante da pergunta que sempre me perseguiu.
Agora, o ouro nada mais é do que ouro, a luz não passa de um esboço de vida e a vida nada mais foi do que uma onda que veio de longe e morreu na areia, mas, a morte é linda, fascina, tudo o que aproxima e me coloca face à face com ela, me atraí, me convida e me leva. Simplesmente vivo pela morte, amo aquilo que a maioria teme, ando de mãos dadas com ela, ela é a minha companheira nas longas noites de insônia quando a solidão é a interlocutora dos meus desabafos e a tristeza a mão que acarícia a minha face umedecida por lágrimas que a pele já não sente, tendo o consolo em cada alvorecer na esperança de ser o último respiro do meu ser.
Ela é amiga, é aquilo que sempre se soube existir caminhando lado a lado na longa e breve estrada da vida.
Muitas vezes, tento uma aproximação, mas ela se faz faceira, mostra tua face e foge em seguida com a mesma inocência de uma criança que brinca de esconder.
Ela excita, provoca, mas jamais satisfaz a eterna curiosidade da vida. Ela exerce fascínio indiferente, coloca de joelhos quando quer à tua frente, mas nunca realiza todos os desejos.
A morte é vida, vida para quem não quer viver, é vida aos que vêem no alvorecer as possíveis formas que ela vai aparecer.
Amanhece o dia, no alvorecer apenas o silêncio diz algo, lentamente o astro rei surge com toda sua imponência, olho esse momento como se fosse o último, não sei o porque, mas este é o mais lindo que já vi.
O céu perde seu azul e um cinza frio envolve o mundo, mas, somente para aqueles que se sente tão só quanto jamais se sentiram. As árvores antes tão belas tem suas formas transformadas em silhuetas frívolas e espantosas, os cantos se tornam gritos desesperados, as águas calmas do lago tornam-se turvas ao toque da uma lágrima que pensava não mais existir.
Tudo se torna triste e distante, a solidão jamais esteve tão próxima. O vento sopra forte contra o rosto, uma voz é trazida, a voz mais linda jamais ouvida, uma voz que inquieta o coração e desperta minha mente, uma voz bela e assustadora, autoritária e carinhosa, que amedronta e fascina.
O sol já se mostra por inteiro com toda tua timidez nada, a morte serve em seu cálice gélido um pouco do seu beijo vital, sinto nos lábios uma calor que esfria a alma, o vento me leva pelas mãos, me conduz pelo labirinto e me encontro num lugar lindo, silencioso, misterioso. A minha frente um vulto em luz se aproxima, seu toque fecha meus olhos, seu beijo cala minha boca, seu hálito impregna minhas entranhas, seu riso paralisa meu coração.
O entardecer já não é o mesmo, é como se por entre frestas eu visse a luminosidade se extinguir, meu corpo é mais leve, mais jovem, talvez eternamente mais jovem, o tempo passará, vidas passarão e esse momento continuará presente. 
Lembro-me que a vida me veio como um sopro mágico, resultado de várias combinações as quais jamais compreenderei.
O tempo foi tão breve como o alvorecer de um dia que jamais se findará.
Tudo aconteceu tão rápido devido ao tempo que levou e agora ela se vai assim, como chegou.
Silenciosa, misteriosa e me deixa na escuridão.
Ela se esvai por entre meus dedos, meus póros, meus olhos, boca e nariz.
Ela abandona meu corpo e coração com a mesma sutileza de uma chama que se apaga.
Tudo se tornou diferente, no ar o aroma fúnebre da vida eterna, a beleza pálida das flores estão por toda parte e na treva que se encontra, vê-se todo suave horror do início.
Sinto no corpo o calor de um sol frio que insiste em brilhar, no ar um canto alegre da morte em homenagem à triste canção da vida.
Toco nas pesadas cinzas do que um dia foi o meu ser e carrego em uma suposta consciência o leve peso do tranquilo desespero que passo a viver.
O coração já parado, ainda sinto seu suave bater.
O sangue já congelado sinto correr por meu corpo, mas sem o aquecer. 
Percebo que o escuro dia já não ofusca os meus olhos e nem o meu querer.
Um opaco brilho de luar me lembra a claridade de uma arma a disparar, a solidão volta a me acompanhar e vejo num mar de águas turvas e agitadas, sob um céu nebuloso e vejo as estrelas uma a uma se apagar, percebo-me no meu universo egoísta, percebo de mim minha alma se afastar e morro novamente para talvez aprender a amar. 

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